Muita da roupa que usamos tem fibras sintéticas, feitas a partir de plásticos. Sempre que vai à máquina lavar, liberta microplásticos para o ambiente. E fica anos, na terra e na água.
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Contas feitas pelos cientistas, desde que começamos a usar roupas com fibras sintéticas como o famoso poliéster, já atiramos para o meio ambiente cerca de 5,6 milhões de toneladas de microfibras, números de 2016.
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Cerca de 2,9 milhões de toneladas, aproximadamente metade do total de fibras sintéticas depositadas no ambientes nestes últimos 70 anos, acabou nos nossos rios e oceanos. O suficiente, se as voltássemos a tecer, para fazer sete mil milhões de casacos desportivos.
Um problema que se agravou nas últimas décadas, em resultado do aumento acelerado dos nossos guarda-roupas. Em 1990, segundo os especialistas, cada pessoa tinha em média oito quilogramas de roupa; em 2106, quando foram feitas as contas, a média era de 26 quilogramas por cabeça.
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Mais roupa, mais lavagens. Mais fibras no meio ambiente. As estações de tratamento de águas (ETAR) são cada vez mais eficazes a filtrar microplásticos, mas não fazem milagres.
"As microfibras são um grande desafio, pois escapam às ETAR aos biliões, mesmo com tratamento avançado", observa Jamie Woodward, do Departamento de Geografia da Universidade de Manchester, no Reino Unido.
São milhões de milhões de fibras sintéticas que vão parar às massas de água no planeta. Os outros, apanhados nos filtros das ETAR, acabam também por contaminar o meio ambiente, ao serem, depois, depositados em aterros sanitários ou incluídos em fertilizantes.
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"Ouço as pessoas dizer que o problema das microfibras sintéticas que resultam da lavagem à máquina vai resolver-se à medida que as ETAR's ficam mais eficientes e se vão disseminando pelo Mundo. Mas, na realidade, o que estamos a fazer é mover o problema de um meio ambiente para outro", argumentou Roland Geyer, da Escola Bren de Ambiente, Ciência e Gestão, em declarações ao canal de televisão britânico BBC.
"Sabemos que os microplásticos estão no ambiente há décadas, mas ainda não sabemos qual o nível de contaminação aceitável", acrescentou Jamie Woodward. "Isto realça a importância de haver investigação direcionada para melhor entender o impacto ecológico das microfibras, quer em meio terrestre quer aquático", acrescentou.
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"A poluição por microplásticos é um problema da vida moderna. Veio para ficar, mas só agora começamos a entender as verdadeiras consequências", acrescentou aquele especialista do do Departamento de Geografia da Universidade de Manchester, no Reino Unido.