A Rússia acusou hoje a NATO de avaliar incorretamente a situação na Ucrânia, numa reação a declarações do secretário-geral da Aliança Atlântica sobre o anúncio de retirada de tropas russas.
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À entrada para uma reunião em Bruxelas dos ministros da Defesa da NATO, Jens Stoltenberg disse hoje que os aliados não veem "qualquer desescalada no terreno" e que, pelo contrário, "parece que a Rússia continua a reforçar a sua presença militar" junto à Ucrânia.
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"Aparentemente, existe uma certa limitação no sistema da NATO de avaliação da situação", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitry Peskov, citado pela agência espanhola EFE.
Peskov disse que essa limitação "certamente não permite aos representantes da NATO avaliar friamente a situação".
A Rússia anunciou hoje, e na terça-feira, o regresso aos quartéis de algumas das suas tropas que destacou para perto das fronteiras com a Ucrânia nos últimos meses.
Algumas dessas unidades estavam na península ucraniana da Crimeia, que a Rússia invadiu e anexou em 2014.
O Ocidente acusa a Rússia de ter concentrado mais de 100.000 tropas junto às fronteiras da Ucrânia para invadir novamente o país vizinho, uma intenção negada por Moscovo.
O porta-voz do Kremlin disse também que a não confirmação de que a invasão russa ocorreria às primeiras horas de hoje, como noticiaram alguns meios de comunicação ocidentais, não representa do culminar da "histeria da informação".
"Honestamente, o caráter de como esta histeria ocidental se está a desenvolver mostra que o seu culminar está certamente muito longe", disse Peskov, acrescentando esperar que, pelo menos no final do dia, se admita que a "previsão não se tornou realidade".
Também a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zhakarova, aludiu sarcasticamente ao anúncio de que a invasão começaria hoje, numa publicação nas redes sociais.
"Um pedido aos meios de desinformação norte-americanos e britânicos, (...) anunciem o calendário das nossas 'invasões' para o próximo ano, gostaria de planear umas férias", escreveu Zakharova, citada pela agência francesa AFP.
Na semana passada, alguns 'media' ocidentais deram conta de informações de fontes anónimas dentro da Administração e dos serviços secretos dos EUA de que Rússia poderia lançar uma operação contra a Ucrânia já esta quarta-feira, 16 de fevereiro.
Estas fontes deixaram claro que a menção de uma data específica poderia fazer parte de um esforço de desinformação da Rússia.
Alguns jornais foram mais longe e indicaram horários específicos da invasão, que aconteceria a meio da noite de terça para hoje.
"A noite decorreu como habitualmente. Dormimos pacificamente. De manhã, começámos o dia com calma e profissionalmente", comentou Dmitry Peskov.
O porta-voz do Kremlin disse não ter o hábito de contactar países estrangeiros "durante a noite", numa resposta a uma questão sobre se o tinha feito na noite passada.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, comentou o assunto hoje, em Moscovo, onde se reuniu com o seu homólogo brasileiro, Carlos Alberto França.
"Não diria que estamos divertidos, mas claro que estamos profundamente intrigados", disse Lavrov.