A Rússia anunciou que vai apresentar ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução sobre a Ucrânia, que irá propor um cessar-fogo na região leste do território ucraniano, dominada por forças separatistas pró-russas.
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"A Rússia está preocupada com a ausência de progressos nos esforços para acabar com a violência e as ações militares" nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, numa conferência de imprensa em Moscovo.
Lavrov, que já pediu ao embaixador russo na ONU Vitali Churkin para coordenar a elaboração do projeto de resolução, sublinhou que o fim da violência deve começar com a suspensão da "operação antiterrorista", autorizada por Kiev, contra os bastiões pró-russos.
"Sabemos que os insurgentes do sudeste estão dispostos a cumprir um cessar-fogo, mas o primeiro passo, segundo todas as regras, deve ser dado pelas autoridades de Kiev", sublinhou Lavrov.
Ainda em declarações aos jornalistas, o chefe da diplomacia russa descartou, perante a atual situação, o eventual envio de forças de paz para o território ucraniano.
"Não estamos a falar de forças de pacificação, uma vez que consideramos que a situação não chegou a esse ponto", referiu Lavrov, acrescentando que "ainda há esperança de que as declarações do presidente Petro Poroshenko [que tomou posse a 7 de junho] sobre o fim da violência se tornem realidade e comecem as negociações".
"Continua a existir um crédito de confiança e temos de fazer uso dele. Está tudo nas mãos do lado ucraniano", reforçou.
Na mesma intervenção, o chefe da diplomacia russa reiterou o apoio ao cumprimento do "roteiro" para a paz proposto pela OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), que defende o fim da violência, o desarmamento dos grupos armados ilegais e o início de um diálogo nacional entre Kiev e todas as regiões do país.
Lavrov assegurou ainda que Moscovo vai exigir uma investigação ao alegado uso de armas e de métodos de guerra proibidos, como é o caso de bombas incendiárias, pelas forças ucranianas.
"As informações sobre a utilização pelas forças ucranianas de bombas incendiárias e de outros tipos de armas não seletivos suscitam uma particular preocupação. Estas informações precisam de uma verificação urgente", concluiu.
Um alto responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo acusou as forças ucranianas de recorrerem a armas "interditas" na região leste do país, depois de os 'media' estatais russos terem noticiado a utilização de bombas incendiárias.
"As forças ucranianas e neonazis utilizam armas interditas contra os habitantes de Slaviansk, atiram contra civis em fuga, matam crianças", escreveu Konstantin Dolgov, delegado para a área dos direitos humanos no Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, na rede social Twitter.
As forças ucranianas, nomeadamente a guarda nacional ucraniana, desmentiram de imediato estas acusações, qualificando as informações como "um absurdo".
Na quarta-feira, o Ministério da Saúde ucraniano avançou que os confrontos entre os insurgentes pró-russos e as forças ucranianas na região leste da Ucrânia fizeram 270 mortos em dois meses.