A Rússia divulgou, esta segunda-feira, que repeliu uma tentativa ucraniana de se infiltrar "ilegalmente" no seu território, através da região fronteiriça de Bryansk, dez dias depois de ter relatado um incidente semelhante.
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"O intruso explodiu em uma linha de proteção minada, que foi criada pelas Forças Armadas russas para impedir a infiltração em território russo e garantir a segurança dos moradores das comunidades fronteiriças", destacou o governador da cidade daquela região, que faz fronteira com a Ucrânia a norte, através da rede social Telegram.
Alexandre Bogomaz denunciou, desta forma, uma "tentativa ilegal" da Ucrânia de "cruzar" a fronteira russa.
As autoridades russas mencionaram nas últimas semanas várias tentativas de incursões por "sabotadores" da Ucrânia nas regiões fronteiriças, que também são regularmente alvo de bombardeamentos de artilharia ou ataques de drones.
Em 6 de abril, Bogomaz garantiu que os guardas de fronteira tinham "frustrado" uma tentativa de incursão de "20 homens" da Ucrânia, "abrindo fogo contra o inimigo".
O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou que as forças de segurança "façam tudo ao seu alcance para garantir a segurança da população" tanto na Rússia quanto nos territórios ucranianos que controlados por Moscovo, onde vários funcionários pró-Rússia foram assassinados nos últimos meses.
A Ucrânia não reconhece oficialmente as operações de "sabotagem" em solo russo. Em particular, negou qualquer ligação com o ataque que danificou a ponte da Crimeia no outono.
No início de março, porém, centenas de pessoas compareceram em Kiev no funeral de combatentes de um batalhão de voluntários que agiram por conta própria e foram mortos durante uma missão de "sabotagem" na Rússia.
Um alto responsável ucraniano adiantou hoje que a Ucrânia lançará a sua contraofensiva quando estiver pronta, acrescentando que é apenas uma questão de tempo até que o país atinja o nível necessário de preparação militar para fazê-lo.
Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, destacou à agência Associated Press (AP), durante uma entrevista em Kiev, que os aliados da Ucrânia estão a ajudar o Governo a atingir o nível de equipamento técnico necessário para lançar o ataque contra as forças russas, com a entregar de veículos blindados pesados e munições.
A mesma fonte também expressou frustração com o facto de que, por vezes, as autoridades de países aliados "prometem uma coisa e fazem outra completamente diferente", sem concretizar os momentos.
Sobre a grande fuga de documentos de inteligência dos Estados Unidos, Danilov repetiu a posição de outros responsáveis ucranianos que dizem que não consideram como um dano grave para futuras ofensivas.
Oleksiy Danilov sublinhou que a Ucrânia não partilha informações altamente confidenciais com ninguém.
Estas questões delicadas de segurança são decididas em reuniões fechadas com o presidente Volodymyr Zelensky, e "só aí será decidido quando, em que direção e em que ritmo vamos libertar o nosso território", acrescentou.
O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia não confirmou se o sistema de defesa aérea Patriot prometido pelos EUA já chegou à Ucrânia, mas insinuou fortemente que sim.
A invasão russa da Ucrânia transformou-se num impasse perante os intensos combates no leste do país, principalmente em torno da cidade de Bakhmut, que durante oito meses e meio foi palco da luta mais longa e sangrenta da guerra.
Danilov realçou que esta cidade tornou-se "um lugar falado no mundo inteiro" e que prova que "é extremamente difícil conquistar a Ucrânia por meios militares" para a Rússia.