Novo Conceito Estratégico da Aliança Atlântica identifica Moscovo como um risco à paz dos aliados. Forças de reação rápida prontas até 2023.
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No primeiro dia da Cimeira de Madrid, que termina esta quinta-feira, os membros aprovaram o novo Conceito Estratégico que irá servir de roteiro para os próximos dez anos, no qual identificam a Rússia como "a maior ameaça" à paz da NATO, e colocam a China como um desafio à segurança.
"A NATO respondeu com força e unidade a esta ameaça", garantiu Jens Stoltenberg, secretário-geral da Aliança, depois de os estados assinarem a declaração da Cimeira de Madrid, que enumera vários receios que ensombram a organização, entre os quais o terrorismo e o aumento de ciberataques, que no caso de ocorrerem no território da aliança, refere o novo documento, podem impulsionar uma resposta coletiva, como está previsto no artigo 5.º do Tratado da NATO.
Por sua vez, a China passa a ser observada como um país que coloca em causa os valores da Aliança. A classificação de Pequim desencadeou uma resposta imediata do gigante asiático, reiterando que a NATO ainda tem "uma mentalidade da Guerra Fria".
Tendo em conta os desafios para os próximos anos, os países da NATO terão de despender 2% do PIB em defesa, de modo a conseguir acompanhar os objetivos da Aliança, que quer fazer crescer as forças de reação rápida, deixando de ter 40 mil efetivos, e passando a disponibilizar 300 mil - um aumento sete vezes superior.
"No que se refere às forças de reação rápida, penso que estarão prontas até ao próximo ano", assegurou Stoltenberg, explicando que as tropas em questão vão ser "pagas e organizadas pelos diferentes aliados, ficarão baseadas nos seus países de origem, mas vão ser atribuídas previamente a países e territórios específicos".
Numa altura em que ainda não está definido o contributo que cada membro vai dar na nova gestão da estrutura das forças rápidas, a Alemanha já deu um passo à frente. O chanceler alemão, Olaf Scholz, garantiu que o país irá canalizar 100 mil milhões de euros para modernizar as forças de Berlim, o que constituiu uma "contribuição significativa" para a segurança coletiva.
Já Joe Biden, presidente dos EUA, informou que vai reforçar a presença militar em toda a Europa. O democrata indicou que Washington vai "fortalecer a sua posição militar" em Espanha, na Polónia, na Roménia, nos estados bálticos, no Reino Unido, na Alemanha e em Itália.
"Decisão histórica"
O dia ficou ainda marcado por uma "decisão histórica", já que a NATO convidou a Suécia e a Finlândia a tornarem-se membros da Aliança, depois do revés de Ancara. "O acordo entre a Turquia, Finlândia e Suécia abriu caminho para esta decisão. Gostaria de agradecer a estes três países", felicitou Stoltenberg, referindo-se ao acordo em que a Turquia exigiu a Helsínquia e Estocolmo a extradição de 33 pessoas dos movimentos PKK e Fetö.
Ainda que à distância, Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, também marcou presença na cimeira, onde voltou a reforçar os pedidos de envio de armamento. "Precisamos de sistemas muito mais modernos, artilharia moderna", reiterou o líder de Kiev.