Kremlin disse esta terça-feira que considera questão de acordo de paz “extremamente complexa” e analisa “com cuidado” trégua temporária proposta por Kiev.
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A Rússia não quer definir prazos e ter negociações apressadas em relação ao conflito com a Ucrânia. As declarações do Kremlin, no dia em que um novo ataque à Zaporíjia resultou em uma morte, acontecem enquanto Moscovo é pressionada por Kiev por uma trégua nas infraestruturas civis e após o presidente norte-americano, Donald Trump, dizer que quer um acordo esta semana.
“Continuamos os nossos contactos com os americanos através de vários canais. A questão do acordo é extremamente complexa, claro, pelo que é quase impossível estabelecer prazos rígidos e tentar apressar a resolução do conflito num prazo mais curto. Isto seria um exercício de futilidade”, afirmou o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, citado pela agência estatal TASS. “Mas o trabalho está realmente em curso”, destacou.
O oficial revelou ainda que a Rússia não tem informações sobre o conteúdo dos planos de Trump para a resolução da guerra na Ucrânia. “Mesmo se estivéssemos [cientes do conteúdo], ninguém o tornaria público”, pontuou, anunciando também que o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, regressará no final desta semana a Moscovo.
Trump publicou, no domingo de Páscoa, que esperava que a Rússia e a Ucrânia chegassem a um acordo esta semana. “Ambos começarão então a fazer grandes negócios com os Estados Unidos da América, que estão a prosperar, e farão uma fortuna!”, escreveu o líder da Casa Branca.
Peskov disse ser “essencial distinguir as circunstâncias” em que as infraestruturas civis “podem ser sujeitas a ataques militares e quando não o devem ser”. “Ontem, o presidente [Vladimir Putin] abordou este assunto. Por exemplo, se os militantes se reúnem num determinado local, isso faz dele uma instalação civil? Sim. Mas também constitui um alvo militar? Pode. Estas nuances são significativas e justificam uma discussão com cuidado”, assinalou o porta-voz do Kremlin.
O chefe de Estado ucraniano tinha proposto, durante a trégua de Páscoa declarada unilateralmente por Putin, uma suspensão dos ataques de mísseis e drones de longo alcance contra alvos civis durante 30 dias. “A Ucrânia mantém a sua oferta de não atacar pelo menos as infraestruturas civis”, discursou Volodymyr Zelensky, na noite de segunda-feira. “E esperamos uma resposta clara de Moscovo. Estamos prontos para qualquer conversação sobre como garantir isto”, completou.
Ataque mortal em Zaporíjia
Pelo menos uma idosa de 69 anos morreu e outras 23 pessoas ficaram feridas, incluindo quatro menores, num bombardeamento russo à cidade de Zaporíjia, no Sudeste da Ucrânia, de acordo com os serviços de emergência. Segundo o governador regional, duas bombas atingiram uma infraestrutura civil e um edifício residencial por volta das 11.40 horas (9.40 em Portugal continental). As regiões de Kharkiv, Kherson e Sumy foram também alvo de ataques