A Rússia anunciou esta quarta-feira a sua renúncia à ajuda financeira dos Estados Unidos da América para a luta contra o crime e o tráfico de droga, sendo mais um sinal da deterioração das relações entre os dois países.
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O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, assinou um documento onde se denuncia o acordo de cooperação bilateral, assinado em 2002, e ordenou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia que faça chegar essa decisão a Washington, Estados Unidos da América (EUA).
O documento, assinado por Medvedev a 28 de janeiro, foi esta quarta-feira publicado na página do Governo com um esclarecimento.
Nela assinala-se que a decisão de denunciar o acordo de cooperação bilateral foi tomada a conselho do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, porque o citado documento "não corresponde às realidades atuais e esgotou o seu potencial".
O Governo russo assinalou que a necessidade de assinar em 2002 um acordo de cooperação com os EUA para a luta contra o crime e o tráfico de droga se deveu ao facto de a Rússia não possuir então meios suficientes para financiar devidamente os seus programas nessa área.
No quadro do acordo bilateral, sublinha a nota, a parte norte-americana prestou de forma regular assistência financeira às instituições russas na realização de programas de luta contra o crime.
Este anúncio tem por fundo um estado de tensão entre os dois países que aumentou nos últimos tempos devido à "guerra de leis" entre Moscovo, Rússia, e Washington, EUA.
A Rússia adotou, em dezembro passado, uma lei que proíbe a adoção de crianças russas por norte-americanos e cria uma "lista negra" de cidadãos dos EUA impedidos de entrar no país por violação dos direitos humanos no mundo e, em particular, dos cidadãos russos.
Considerada como uma das medidas mais hostis tomadas por Moscovo contra Washington depois da guerra fria, esta lei foi votada como resposta a uma lei aprovada pelo Congresso e promulgada pelo presidente americano Obama, que proíbe a entrada nos EUA de funcionários russos implicados na morte na prisão, em 2009, do advogado russo Serguei Magnitski.
Em setembro de 2012, a Rússia ordenou à Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) cessar as suas atividades, acusando-a de ingerência na política interna ao apoiar grupos da oposição ao regime de Vladimir Putin, presidente russo.
As autoridades russas aprovaram também uma lei controversa que qualifica de "agentes do estrangeiro" e coloca sob estrito controlo as Organizações não governamentais (ONG's) que beneficiam de financiamento estrangeiro, nomeadamente americano.