A Rússia recusou, esta quinta-feira, participar numa nova reunião da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) convocada a pedido da Ucrânia para sexta-feira, para informar os 57 Estados-membros das suas atividades militares junto à fronteira ucraniana.
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"Já apresentámos à representação permanente da Ucrânia e à presidência polaca em exercício da OSCE uma nota oficial a informá-las de que todas as atividades efetuadas pelas Forças Armadas russas relacionadas com o movimento de unidades militares decorrem como parte do treino de combate e não requerem notificações", disse à agência TASS um representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
O chefe da delegação russa nas negociações de Viena sobre Segurança Militar e Controlo de Armamento, Konstantin Gavrilov, defendeu também que "não têm fundamento" as tentativas dos países bálticos e da Ucrânia de utilizar o artigo 16.3 do Documento de Viena (um mecanismo de transparência e redução de riscos) para convocar uma reunião de todos os Estados-membros - entre os quais os Estados Unidos e todos os países da União Europeia - sobre as suas atividades militares incomuns.
A Ucrânia pediu na quarta-feira uma reunião conjunta do Conselho Permanente da OSCE e do Fórum de Cooperação em matéria de Segurança, depois de a Rússia ter rejeitado participar numa reunião semelhante na terça-feira para dar explicações sobre os mais de 150 mil soldados que, segundo os Estados Unidos, tem destacados ao longo da fronteira com o país vizinho.
"Instamos de novo a Rússia a abordar as preocupações legítimas dos Estados-membros e a utilizar os instrumentos da OSCE para reduzir as tensões causadas pelas suas atividades militares perto das fronteiras ucranianas", escreveu na quarta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitro Kuleba, na rede social Twitter.
Moscovo tinha explicado a sua recusa em participar na reunião de terça-feira classificando-a como um "jogo político".
"Se alguém vai jogar algum tipo de jogo político, faça-o, mas nós ainda levamos a sério os instrumentos de promoção da confiança e da segurança e não permitiremos que sejam utilizados para fins indecorosos", sustentou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexandr Grushko.
O Documento de Viena, de que a Rússia é signatária, destina-se a fomentar a confiança entre os Estados-membros da OSCE ao fornecer informação sobre grandes manobras e atividades militares fora do comum.
Moscovo ameaça reagir militarmente
A Rússia ameaçou reagir, mesmo militarmente, em caso de rejeição pelos EUA das suas principais exigências de segurança, repetindo que deseja a retirada das forças norte-americanas da Europa Central e Oriental e dos Estados Bálticos.
"Na ausência de vontade por parte do lado americano de acordar em firmes garantias legais para a nossa segurança (...) a Rússia será forçada a reagir, nomeadamente implementando medidas de natureza militar e técnica", disse a diplomacia russa, em resposta às propostas dos Estados Unidos para negociações sobre segurança europeia.
Moscovo insiste na "retirada de todas as forças e armamentos dos Estados Unidos colocados na Europa Central e Oriental, na Europa do Sudeste e nos países bálticos" e também aguarda propostas do Ocidente com vista a "renunciar a qualquer futuro alargamento da NATO".