
Foto: Ramil Stidikov/Reuters/POOL/EPA
A Rússia rejeitou, esta segunda-feira, as modificações introduzidas pelos países europeus ao plano de paz para a Ucrânia apresentado pelos Estados Unidos.
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"Tomámos conhecimento do plano europeu que, à primeira vista, é absolutamente não construtivo, não nos convém", disse o conselheiro presidencial para os assuntos internacionais, Yuri Ushakov, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Os Estados Unidos propuseram na semana passada um plano para acabar com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
O plano foi bem acolhido pelo Kremlin por contemplar grande parte das exigências que têm sido feitas pelo presidente Vladimir Putin para acabar com a guerra.
A presidência russa disse que o plano estava em linha com o que Putin discutiu com o homólogo norte-americano, Donald Trump, em agosto na cimeira do Alasca.
O plano de Trump, que foi divulgado a meios de comunicação social norte-americanos, inclui a redução do exército para um máximo de 600 mil efetivos ou a cedência à Rússia de territórios que não foram conquistados militarmente por Moscovo.
Vários dirigentes europeus consideraram o plano como uma base para negociar, mas defenderam que necessita de modificações ou, em todo o caso, de mais elaboração.
Delegações da Ucrânia e dos Estados Unidos reuniram-se no fim de semana na cidade suíça de Genebra para discutir o plano, de que saiu uma nova proposta, cujos termos não foram divulgados.
Citando meios de comunicação social ocidentais, a agência russa Ria Novosti noticiou que a União Europeia (UE) propôs que a Ucrânia mantivesse uma força de 800 mil efetivos, em vez dos 600 mil previstos no plano de Trump.
"Segundo algumas fontes, o plano europeu inclui uma proibição do destacamento de forças da NATO na Ucrânia em tempo de paz, enquanto, segundo outras, a decisão sobre a presença de tropas estrangeiras permanece com Kiev", escreveu a Ria Novosti.
Ushakov disse aos jornalistas que o Kremlin só conhece a versão inicial do plano de Trump.
"Mas ninguém realizou quaisquer negociações específicas com representantes russos sobre este assunto", esclareceu o conselheiro de Putin para as questões de política internacional.
O diplomata considerou lógico que os norte-americanos em seguida contactem Moscovo para "começar a discussão de maneira presencial".
"Sabemos que há certos sinais nesse sentido, mas não existe um acordo concreto sobre um encontro entre representantes russos e norte-americanos", assinalou.
O Kremlin não recebeu propostas sobre "quem e quando tenciona" deslocar-se a Moscovo para conversações, disse Ushakov, citado pela EFE.
Ushakov disse que muitas das cláusulas do plano enviado ao Kremlin pareciam "totalmente aceitáveis" para Moscovo, mas outras requeriam "uma discussão e uma análise o mais pormenorizada possível entre as partes".
Admitiu que o plano, a que chamou de "espécie de projeto", será objeto de revisões e modificações do lado russo, "como, "muito provavelmente, do lado ucraniano, e dos lados norte-americano e europeu".
"Este é um assunto muito sério", disse aos jornalistas em Moscovo.
O plano que Washington apresentou a Moscovo rejeitava categoricamente o ingresso da Ucrânia na NATO, enquanto a nova versão deixa espaço para uma decisão consensual dos países membros da Aliança Atlântica, segundo a EFE.
Além disso, obrigava a Ucrânia a abandonar todo o Donbass (Donetsk e Lugansk, leste), quando as tropas de Kiev ainda controlam cerca de 20% do território da região de Donetsk.
Ambas as propostas não contemplam uma declaração de um cessar-fogo até que os dois lados aceitem o plano de paz, ainda de acordo com a agência espanhola.
Os Estados Unidos e a Ucrânia informaram num comunicado conjunto após as conversações realizadas no domingo em Genebra que elaboraram "um quadro de paz atualizado e aperfeiçoado".
"Qualquer acordo futuro deve respeitar plenamente a soberania da Ucrânia e alcançar uma paz justa e sustentável", disseram no comunicado.
