Sánchez considera manifestantes em Madrid "nostálgicos" de uma "Espanha uniforme"
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, qualificou como "nostálgicos" os milhares de pessoas que se manifestaram em Madrid, este sábado, contra o governo que lidera e, na quinta-feira, em Barcelona em defesa do independentismo catalão.
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Para Pedro Sánchez, os "nostálgicos" que estiveram nas ruas de Barcelona na quinta-feira "queriam uma Espanha partida" e os de hoje, em Madrid, "uma Espanha uniforme".
"Entre uns e outros estão a maioria dos espanhóis, que desejamos a convivência numa Espanha unida e diversa", defendeu, na cidade de Valladolid, num ato do partido socialista espanhol (PSOE), que lidera.
Dezenas de milhar de pessoas manifestaram-se, este sábado, em Madrid contra o Governo espanhol, num protesto convocado por associações da sociedade civil e apoiado pelos partidos da direita e extrema-direita.
O protesto juntou cerca de 31 mil pessoas, segundo as autoridades do governo e a polícia, mas os organizadores afirmaram que estiveram 500 mil na manifestação.
Os manifestantes saíram à rua convocados com o mote "Por Espanha, pela democracia e pela Constituição" e um dos alvos das críticas foram os pactos do Governo liderado por Sánchez com independentistas da Catalunha e do País Basco, "separatistas e herdeiros da [associação terrorista] ETA", como foram qualificados durante o protesto.
"Trata-se de defender a democracia, a Constituição e a Espanha que querem a maioria dos espanhóis, não a que querem os seus inimigos", defenderam os organizadores da manifestação num manifesto.
Todo o texto insistiu na defesa da "Espanha unida", face aos "seus inimigos", com o manifesto a lembrar que o Governo espanhol indultou os protagonistas da tentativa de autodeterminação da Catalunha de 2017 e que no final do ano passado mudou o Código Penal para abolir o crime de sedição, que tinha levado à cadeia quem, naquele ano, "tentou levar a cabo um golpe de Estado".
Em resposta, Sánchez disse, este sábado, em Valladolid, que "a Constituição hoje cumpre-se em toda a Espanha" e que "a ameaça de quebra da convivência está a ficar cada vez mais distante", numa referência ao confronto sem diálogo entre catalães e Estado em 2017, quando governava o Partido Popular (PP, direita), que culminaram na realização de um referendo ilegal e uma declaração unilateral de independência.
Em 2017, o PP "não fez absolutamente nada" perante "referendos ilegais" na Catalunha, o que levou então o país "para um abismo", afirmou Sánchez.
Sem uma maioria absoluta de apoio no parlamento nacional, Sánchez tem contado e negociado com os independentistas catalães e também com os bascos, além de outras formações mais pequenas, para aprovar leis como o Orçamento do Estado.
A manifestação em Madrid coincide com o arranque de um ano eleitoral em Espanha, que terá eleições regionais e municipais em maio e legislativas gerais no final de 2023.
Na quinta-feira passada, cerca de 6500 pessoas, segundo a polícia, e 30 mil, segundo os organizadores do protesto, manifestaram-se em Barcelona para mostrar que o independentismo catalão "esta vivo", coincidindo com a realização, na cidade, da 27.ª cimeira entre Espanha e França.