"Se fossem irmãs Menendez, não estariam presas". Familiares pedem nova sentença no crime de Beverly Hills
Amigos, familiares e um advogado dos irmãos Menendez reuniram-se, na quarta-feira, em frente a um tribunal de Los Angeles a pedir a sua libertação, recordando que ambos sofreram abusos sexuais horríveis às mãos do pai e não representam uma ameaça para a sociedade.
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Lyle e Erik foram detidos em 1989 pelo assassinato dos pais, Kitty e Jose Menendez, na mansão da família, em Beverly Hills (EUA), e acabaram condenados a prisão perpétua, após dois julgamentos. Numa altura em que o caso volta a ter atenção mediática, na sequência de uma série e de um documentário sobre o crime que estrearam recentemente na Netflix, o procurador-distrital do condado de Los Angeles, George Gascón, anunciou que irá analisar novas provas e decidir se deverá ser pedida nova sentença.
Na conferência de imprensa de apoio aos condenados, que já cumpriram mais de 30 anos de prisão, Anna Baralt, sobrinha das vítimas, defendeu que "se fossem irmãs Menendez, não estariam presas". Para a familiar, há três décadas, a sociedade e o sistema judicial praticamente não consideravam as vítimas masculinas de agressão sexual, situação bastante diferente na atualidade. "Nós evoluímos", referiu, implorando para que o "pesadelo" da família acabe definitivamente. "Lyle e Eric merecem uma oportunidade de se curar e nós também", apelou.
"Eram crianças. Foram abusadas das formas mais horríveis"
A irmã de Kitty Menendez, Joan VanderMolen, de 92 anos, fez questão de enfrentar a multidão para defender os sobrinhos. Apesar de reconhecer que as suas ações foram "trágicas", recordou que eles eram apenas crianças "abusadas das formas mais horríveis".
Quando foram julgados, argumentou, "o mundo não estava preparado para acreditar que rapazes pudessem ser violados". "Hoje, sabemos que sim, e o júri nunca proferiria uma sentença tão dura", garantiu.
Lyle e Erik foram a julgamento em 1993. Confessaram ter assassinado os pais com vários tiros de espingarda, mas garantiram tê-lo feito em legítima defesa, após anos de abuso sexual e ameaças de morte por parte do pai. Para a acusação, os irmãos atuaram com premeditação, de forma a herdarem rapidamente uma herança milionária.
Nessa altura, o júri não conseguiu chegar a um consenso: os homens defendiam a condenação a prisão perpétua e as mulheres pediam uma atenuante devido aos crimes de abuso de que foram alvo. Face ao impasse, houve um novo julgamento em 1995, sem a apresentação de muitas das provas relativas a esses abusos, que culminou na condenação a prisão perpétua.
"Todas as noites fico acordado a achar que ele vai entrar"
As novas provas em análise incluem uma carta antiga escrita por Erik Menendez a um familiar a dar conta dos abusos. "Tenho tentado evitar o meu pai. Ainda está a acontecer Andy, mas agora é pior para mim", revelou, contando viver com medo constante por não saber quando é que as violações iam acontecer.
"Todas as noites fico acordado a achar que ele vai entrar. Tenho medo", confessou.