O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou, no sábado, aos políticos iraquianos para formarem um governo de base alargada para enfrentarem os 'jihadistas' que ameaçam várias partes do país.
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Ban Ki-moon "apela a todos os partidos políticos para cumprirem o calendário estabelecido pela Constituição que rege a nomeação do primeiro-ministro", disse o seu porta-voz em comunicado.
"Ele também apela à prevalência do bom senso e insta todos os líderes no Iraque a formarem um governo de base alargada, que seja aceitável para todas as partes da sociedade iraquiana".
"Um governo dessa natureza devia ser capaz de mobilizar a nação para enfrentar a ameaça do Estado Islâmico (EI) de forma a assegurar a segurança e estabilidade em todo o país", continuou.
O impasse na formação do governo tem-se arrastado nos últimos meses, na sequência das eleições legislativas de 30 de abril e de uma primeira reunião tumultuosa do parlamento iraquiano, a 1 de julho.
O hemiciclo deverá eleger o presidente e, de seguida, o Presidente do Iraque, que deverá então designar o primeiro-ministro. A Constituição prevê que este processo esteja concluído 45 dias após a primeira reunião do parlamento.
De acordo com uma regra não redigida, o cargo de primeiro-ministro é atribuído a um xiita (a comunidade maioritária no país), a chefia do Estado a um curdo e a presidência do parlamento a um sunita.
O avanço dos 'jihadistas', a vontade de secessão curda e o impasse na formação do governo ameaçam o país de desintegração e fazem recear o regresso às atrocidades registadas durante o conflito confessional que provocou dezenas de milhares de mortos em 2006-2007, de acordo com analistas.
O primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki, que chegou ao poder em 2006, manifestou interesse num terceiro mandato depois de a sua coligação ter vencido as eleições de abril, mas os árabes sunitas e curdos, e mesmo alguns xiitas, pediram a sua substituição.
Al-Maliki, xiita e no poder desde 2006, é alvo de várias críticas internas e internacionais, que o acusam de ter desenvolvido uma política confessional favorável às divisões.
A velocidade na formação de um governo mais inclusivo é vista como um passo crucial na luta contra o ataque de militantes do Estado Islâmico.
O secretário-geral da ONU também "continua profundamente preocupado com a situação humanitária e de segurança no Iraque", e as Nações Unidas "e a comunidade internacional também estão a acompanhar de perto os acontecimentos políticos" no Iraque, afirmou o porta-voz, de acordo com o comunicado.