O processo de troca de prisioneiros envolveu esta quarta-feira a entrega pelo Hamas dos corpos de quatro reféns israelitas à Cruz Vermelha e, posteriormente, ao exército israelita.
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Mas a troca de mais de 600 prisioneiros palestinianos - cuja libertação estava prevista para o passado sábado e foi suspensa por Israel - deverá acontecer somente após Israel confirmar as entidades dos corpos devolvidos.
Até ao fecho desta edição, as autoridades israelitas estavam a sugerir que os últimos prisioneiros só seriam libertados quando os testes forenses estabelecessem definitivamente as identidades dos reféns devolvidos.
O regresso de Tsachi Idan, Itzhak Elgarat, Ohad Yahalomi e Shlomo Mantzur a Israel de forma privada foi, pontuou um oficial do Hamas ouvido pela agência France-Presse (AFP), “para evitar que a ocupação encontre qualquer pretexto para atrasos ou obstruções”. O Gabinete do primeiro-ministro hebraico, Benjamin Netanyahu, também tinha confirmado que a entrega aconteceria “sem cerimónias do Hamas”.
A mesma fonte dos islamitas adiantara ontem à tarde que 625 pessoas seriam libertadas das prisões israelitas. Já um segundo oficial do Hamas, em declarações à AFP, antecipou que os prisioneiros que seriam soltos no último fim de semana seriam libertados imediatamente após a entrega dos corpos. Um pequeno grupo de mulheres e menores regressariam à liberdade após Israel identificar os falecidos.
Esta foi a última vaga de trocas de reféns por palestinianos sob custódia antes do fim da primeira fase da trégua, que se encerra no sábado. O futuro do acordo é incerto com as conversações atrasadas, mas, durante o atual cessar-fogo, 25 israelitas foram libertados com vida, enquanto oito corpos foram entregues. Esta etapa previa ainda que cerca de 1900 palestinianos deixariam as prisões de Israel.
Família Bibas culpa Israel
Milhares acompanharam os cortejos fúnebres de Shiri, Ariel Kfir Bibas perto do kibutz de Nir Oz, onde a família foi raptada, a 7 de outubro de 2023. Os três corpos foram entregues na semana passada.
A cunhada de Shiri Bibas, Ofri, culpou o Governo israelita pela morte dos familiares. “Não faz sentido perdoar antes que as falhas sejam investigadas e todos os colaboradores assumam a responsabilidade. Podiam tê-lo salvo, mas preferiram a vingança”, discursou. O Hamas acusa Israel de ter matado os três durante um ataque aéreo em Gaza, enquanto os hebraicos afirmam ter informações e provas forenses de que os três foram mortos pelos islamitas.
“Shiri, sinto muito por não ter conseguido proteger todos vocês”, lamentou Yarden Bibas, também tomado como refém e libertado no início do mês. Para Ariel, que tinha quatro anos no dia em que foi capturado, destacou as saudades: “Espero que saibas que pensei em ti todos os dias, a cada minuto. Espero que esteja a aproveitar o paraíso”, lembrou o pai.