Senado vai voltar a investigar alegada interferência da Rússia nas presidenciais dos EUA
O presidente do comité judiciário do Senado, Lindsey Graham, disse esta quinta-feira que vai investigar o caso da interferência russa nas eleições presidenciais de 2016, mas que não convocará o ex-Presidente Barack Obama.
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O procurador-especial Robert Mueller entregou no Congresso, em abril de 2019, um relatório que comprovava a existência de interferência do Governo russo nas eleições presidenciais de 2016, com o intuito de beneficiar a candidatura do republicano Donald Trump em detrimento da candidata democrata Hillary Clinton.
Contudo, o relatório deixava várias pontas soltas, nomeadamente sobre a forma como o Governo do então Presidente Barack Obama tinha permitido essa interferência, o que levou o atual Presidente, Donald Trump, a pedir que o seu antecessor fosse chamado a testemunhar perante o Congresso.
O Senado quer agora clarificar as dúvidas sobre as origens do caso russo e o presidente do comité judiciário anunciou esta quinta-feira a abertura de uma nova investigação, mas esclareceu que não tenciona inquirir Barack Obama, no que diz respeito à ação do seu Governo neste caso.
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"Fico preocupado com o precedente que abriríamos de chamar um antigo Presidente a testemunhar", disse o senador republicano Graham, manifestando discordância com as intenções do Presidente Trump.
"Nenhum Presidente está acima da lei. Contudo, a Presidência tem reivindicações de privilégios executivos contra outros ramos do Governo", esclareceu o presidente do comité senatorial.
Graham reconheceu que os EUA têm um Presidente em exercício que acusa o seu antecessor de "fazer parte de uma conspiração traidora para minar a sua (de Trump) Presidência".
"Dizer que vivemos em tempos estranhos é um eufemismo", desabafou o senador, recordando que também o ex-Presidente Obama "sugere que o atual Presidente está a destruir o Estado de Direito".
"Temos de perceber se estas insinuações são legítimas", concluiu Lindsey Graham, para justificar a nova investigação ao caso russo.
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Graham também disse que o comité analisará possíveis abusos das agências de informação norte-americanas durante uma investigação ao ex-conselheiro de campanha de Trump, Carter Page.
Um órgão de fiscalização federal concluiu que o FBI cometeu erros e omissões significativas nos pedidos feitos a serviços de informação estrangeiros, para espiar Page.
"O meu objetivo é descobrir porque e como o sistema descarrilou", disse Graham.
O Senado analisará ainda se Robert Mueller deveria ter sido nomeado procurador-especial no caso russo e se essa investigação se justificava ou se foi extemporânea, como tem denunciado Donald Trump, que se diz vítima de uma "caça às bruxas".
O anúncio do comité do Senado ocorre quando Trump e os seus aliados do Partido Republicano dão sinais de retomar um ataque à investigação do caso russo, levantando suspeitas sobre o envolvimento da Casa Branca, então controlada por Barack Obama.
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Donald Trump insiste na narrativa de que a investigação sobre o caso russo foi uma conspiração contra o "estado profundo" que visava "sabotar" o seu Governo.
As audiências do comité judiciário do Senado terão início em junho, anunciou Graham, que acrescentou que Trump e Obama serão muito bem-vindos no Congresso, para assistir às sessões.
"Dará um excelente momento televisivo. Mas tenho dúvidas sobre se será sensato para o país...", concluiu o senador.