
O senador republicano norte-americano Ted Cruz continua, esta quarta-feira, a intervenção contra a reforma do sistema de saúde, iniciada na terça-feira à noite, há mais de 19 horas, no Senado dos Estados Unidos. Ao fim de cinco horas e meia, afastou-se do tema do debate para ler um livro às filhas que o estavam a ver na televisão.
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Ted Cruz, senador pelo Estado do Texas, tomou a palavra às 18.41 TMG (19.41 em Portugal), não fez qualquer pausa, e só interrompeu o discurso para responder às questões dos membros do Senado, antes da sessãos ser encerrada, terça-feira à noite.
"Confesso que, quando nos sentámos aqui um pouco antes das 7 horas da manhã, me sentia um pouco cansado", disse Ted Cruz, ao retomar o discurso, esta quarta-feira de manhã, 12 horas de Portugal continental.
Perante um Senado praticamente vazio, comparou o "Obamacare" ao vilão da saga de filmes de horror "Sexta-feira 13", retomando a ideia da noite anterior.
"Obamacare é o maior assassino de empregos do país e quando Jason põe a sua máscara de hóquei, caramba, é uma carnificina nunca antes vista", argumentou, dando sinais de que estava em forma e capaz de aguentar mais algumas horas a discursar.
Durante este período, Ted Cruz fez uma inflexão, aoo fim de pouco mais de cinco horas a falar sobre o "Obamacare", afastou-se do tema da intervenção para ler um livro às filhas, que estavam a ver o pai pela televisão, cerca das 00:00 TMG (1 hora em Portugal continental, 20 horas em Washington).
"Pretendo falar em oposição ao 'Obamacare' (...) até não ser capaz de estar em pé", anunciou no início da intervenção o senador, apoiante do "Tea Party" [fação ultraconservadora dos republicanos], numa referência à reforma do sistema de saúde norte-americano proposto pelo Presidente Barack Obama, aprovada em 2010 e da qual algumas disposições devem entrar em vigor a 1 de outubro.
Esta estratégia obstrucionista ("filibustering", em inglês) consiste em falar sem parar até que os prazos parlamentares se esgotem. Ted Cruz será obrigado a interromper a intervenção, a meio do dia, por estar prevista uma votação processual sobre o orçamento excecional.
A manobra de Cruz suscitou polémica e divergências entre os republicanos, cuja liderança na câmara alta no Congresso considera a lei "Affordable Care Act", ou "Obamacare", como é conhecida, condenada ao fracasso por ser contraproducente.
Os democratas, que controlam o Senado, asseguram que a tentativa republicana não terá êxito.
O Senado tem agora de se pronunciar sobre este projeto de lei e os democratas anunciaram que iam alterar o texto de modo a garantir financiamento para a reforma da saúde.
Com esta ação, Cruz, de 42 anos, pretende impedir as emendas democratas, ou atrasar o procedimento de tal forma que se torne impossível alterar o projeto republicano.
A administração norte-americana precisa de fundos excecionais para se financiar, até à meia-noite de 30 de setembro, quando, caso não seja aprovado um orçamento especial, terá que parar parcialmente a governação.
Em março, o correligionário de Cruz, Rand Paul, ocupou o hemiciclo durante cerca de 13 horas para protestar contra a política da administração Obama sobre os aviões não-tripulados ("drones").
