Os serviços secretos britânicos falharam e perderam oportunidades para impedir o ataque terrorista de 2017 em Manchester, que matou 22 pessoas, segundo um relatório publicado, esta quinta-feira, após um inquérito público ao incidente.
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"Houve uma significativa oportunidade perdida de tomar medidas que poderiam ter impedido o ataque", lê-se no documento, a propósito do atraso no tratamento e partilha de informações entre o serviço MI5 e a polícia de combate ao terrorismo.
Segundo o relatório, que conclui o inquérito, "havia uma possibilidade realista de que poderia ter sido obtida uma informação acionável que teria levado a acções de prevenção do ataque". "As razões para esta importante oportunidade perdida incluíram um fracasso por parte de um Serviço de Segurança de agir com rapidez suficiente", vinca o magistrado responsável pelo inquérito, John Saunders.
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O autor do atentado, Salman Abedi, fez-se explodir com uma bomba a 22 de maio de 2017, à saída da sala de espetáculos Manchester Arena, com capacidade para acolher cerca de 21 mil pessoas, onde tinha atuado a cantora norte-americana Ariana Grande. Além das 22 mortes, o atentado suicida deixou 237 pessoas feridas, 28 delas com muita gravidade.
Um primeiro relatório, publicado em junho de 2022, já tinha criticado o fracasso das autoridades em identificar Salman Abedi como uma ameaça. Um segundo relatório, em novembro de 2022, apontou falhas aos serviços de emergência, notando como uma das vítimas, o assistente social John Atkinson, de 28 anos, teria provavelmente sobrevivido se a resposta tivesse sido mais eficaz e organizada.
Apenas três médicos acorreram ao local na noite do incidente e nenhum deles tratou Atkinson antes de ele ser transportado para uma área dedicada a vítimas, onde entrou em paragem cardíaca, uma hora e 16 minutos após a explosão.
Já no caso da jovem Saffie-Rose Roussos, de apenas oito anos de idade, o documento concluiu que teria sido "altamente improvável" que ela pudesse ter sobrevivido a julgar pelos seus ferimentos e detetou "apenas uma possibilidade remota de que ela pudesse ter sobrevivido com tratamentos e cuidados diferentes". Apesar de se encontrar na Líbia no dia do atentado, o irmão do terrorista, Hashem Abedi, foi condenado a um mínimo de 55 anos de prisão por ter participado no planeamento.