Candidatos a vereadores, condenados por assassinatos deixam disputa em nome "da convivência e da paz".
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Sete candidatos a vereadores, antigos membros da ETA condenados por assassínios, anunciaram esta terça-feira terem desistido de concorrer nas eleições municipais de 28 de maio, para contribuírem para "a convivência e a paz". Apesar de 44 ex-etarras (integrantes da organização terrorista) condenados estarem nas listas da coligação EH Bildu, os média focaram-se neste grupo específico porque estes foram condenados por "delitos de sangue", como escreveu o diário "El País".
Numa carta aberta divulgada no portal de notícias "Naiz", o grupo de sete antigos elementos da Euskadi Ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade) afirmou ter desistido das candidaturas e que nenhum deles assumirá o cargo de vereador, caso seja eleito. Estes e os outros 37 ex-etarras que foram condenados e pertencem à coligação EH Bildu não têm impedimentos legais para concorrerem no escrutínio, pois já cumpriram as penas de forma integral.
Dirigindo-se às vítimas da ETA e aos que sofreram com os conflitos, o grupo assumiu o compromisso de não acrescentar mais sofrimento ao já verificado. "Não está no nosso espírito esconder o passado e acreditamos que exercícios de memória sinceros, construtivos e completos são necessários", salientaram os sete ex-candidatos, reiterando que apoiam a "mudança de estratégia" da Esquerda nacionalista-basca, que atualmente faz uma "aposta inequívoca por vias exclusivamente democráticas".
"Mostramos o nosso compromisso para que nem as nossas palavras nem as nossas ações acresçam o menor sofrimento ao que já ocorreu"
Direita ataca Sánchez
A presença destes antigos condenados foi muito explorada esta semana pela Direita, que alegou que os independentistas bascos são "aliados" do primeiro-ministro Pedro Sánchez. A EH Bildu contribuiu para a confirmação do Governo espanhol, em 2019, e também ajudou na aprovação de orçamentos do Estado.
"Há coisas que podem ser legais, mas não são decentes. A única coisa que essas pessoas podem trazer à vida pública é uma mensagem de perdão, reparação e arrependimento", afirmou Sánchez, citado pela Lusa, que destacou que a democracia "derrotou a ETA".
Mais de 35 milhões de eleitores poderão ir às urnas a 28 de maio para escolherem os mais de 67 mil vereadores dos mais de oito mil municípios espanhóis. No mesmo dia, realizam-se eleições regionais para os parlamentos de 12 das 17 comunidades autónomas.