A Câmara dos Deputados brasileira votou favoravelmente, esta segunda-feira, o pedido de impugnação do mandato da presidente Dilma Rousseff.
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Coube ao deputado de Pernambuco Bruno Araújo, do PSDB-BE, dar o voto nº 342 que determinou a abertura do processo do afastamento de Dilma. Um voto celebrado, na Câmara dos Deputados, com cânticos e palmas.
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O processo de impugnação do mandato presidencial e destituição de Dilma Rousseff vai agora avançar para o Senado (a câmara alta do Congresso brasileiro). Mas Dilma só é afastada no momento em que o Senado instaurar o processo de impugnação, com maioria simples de votos, e será substituída temporariamente pelo "vice", Michel Temer. Isso pode acontecer até 24 dias após a decisão dos deputados, ou seja, até 11 de maio.
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Em seguida, se dois terços dos 81 senadores (54) decidirem pela sua condenação, perderá o cargo ficando oito anos sem poder assumir funções públicas. Michel Temer será então nomeado presidente até 2018. O prazo para o julgamento é de 180 dias.
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O líder do Partido dos Trabalhadores do Brasil, José Guimarâes, reconheceu a derrota do partido e de Dilma Rousseff. "Os golpistas ganharam aqui na Câmara", disse. "Num momento como este, nós temos de ter tranquilidade, humildade e falar para o país que os golpistas cresceram aqui na Câmara, mas que a luta continua, nas ruas e no Senado", acrescentou.
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Os brasileiros assistiram à votação em ecrãs gigantes e num ambiente mais próximo do futebol, carnaval e samba que da gravidade política.
Segundo o portal UOL, registam-se protestos no Distrito Federal de Brasília e em 25 dos 26 estados do Brasil, sendo as manifestações de São Paulo e do Rio de Janeiro as mais expressivas.
Em Brasília, a divisão da sociedade patente nas últimas semanas em protestos e nas redes sociais, foi materializada com a separação dos grupos pró e contra a impugnação de Dilma Rousseff por uma longa barreira na principal avenida da capital.
O clima desportivo de festa contou também com bandeiras, vuvuzelas e samba. Tal como no futebol, não faltaram considerações sobre os deputados, com, por exemplo, os favoráveis à destituição da Presidente a receberem com gritos como "boliviano" ou "vai para Cuba".
A possibilidade de impugnação do mandato de Dilma Rousseff surgiu na sequência da revelação das chamadas "pedaladas fiscais", atos ilegais resultantes da autorização de adiantamentos de verbas de bancos para os cofres do Governo para melhorar o resultado das contas públicas.
Desde que iniciou o seu segundo mandato, em janeiro de 2015, Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores sofreram sucessivas derrotas no Congresso.
A investigação de membros históricos do PT, como o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por envolvimento na operação Lava Jato, que investiga alegados esquemas de corrupção na petrolífera estatal Petrobras, também afetou seriamente a credibilidade da chefe de Estado brasileira.