Mais de 200 pessoas morreram, incluindo várias crianças, na sequência do sismo de magnitude 6,0 registado, esta quarta-feira de madrugada, no centro de Itália.
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O último balanço da Proteção Civil italiana eleva de 159 para 247 o número de vítimas mortais do sismo que abalou Itália. E a cada hora de buscas, o número torna-se mais "pesado". O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, disse que até ao momento não há registo de vítimas portuguesas.
O terramoto, que ocorreu às 03.36 horas (02.36 horas em Portugal continental), a sudeste de Norcia, cidade da província de Perugia, na região da Umbria, teve magnitude de 6,0 na escala de Richter com origem a quatro quilómetros de profundidade, de acordo com o Instituto Nacional de Geofísica italiano. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), que monitoriza a atividade sísmica mundial, registou o abalo com 6,2 de magnitude e origem a dez quilómetros de profundidade.
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A terra tremeu durante 142 segundos. Após este abalo principal, ocorreram diversas réplicas de 5,5 e 4,6 e 4,3, perto de Amatrice e de Norcia.
Nas redes sociais foram divulgadas imagens que mostram o elevado grau de destruição de muitos edifícios.
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E a terra continua a tremer. Em três horas registaram-se 39 réplicas. Ao início da tarde já se contabilizavam 160 - 59 das quais de magnitude entre 3,0 e 4,0 e cinco outras entre 4,0 e 5,0 graus.
As zonas mais afetadas pelo abalo foram o município de Norcia, na província de Perugia, e os de Amatrice e Accumoli, na província de Rieti. O sismo também foi sentido em Bolonha, Roma e Nápoles, onde, no entanto, não houve danos.
As primeiras mortes confirmadas foram um casal de idosos, cuja casa, em Pescara del Tronto, no município de Arquata, colapsou, de acordo com os meios de comunicação social italianos, incluindo a emissora pública Rai, que citou os "carabinieri". A terceira vítima mortal foi registada em Accumoli, perto do epicentro do sismo, de acordo com a agência noticiosa AGI.
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O autarca de Accumoli, Stefano Petrucci, manifestou na televisão pública italiana o seu desespero. "É um desastre. Não temos luz nem telefones e os serviços de resgate ainda não chegaram aqui".
Metade da cidade desapareceu
O presidente da Câmara de Amatrice, Sergio Pirozzi, que relatou anteriormente que "metade da cidade desapareceu", também falou das dificuldades, sublinhando que "a prioridade é desimpedir as ruas" de modo a permitir a chegada de ajuda.
A estrada principal ficou destruída e os acessos à localidade ficaram inacessíveis. As buscas começaram a ser feitas à mão, tirando pedra a pedra para tentar alcançar quem ficou preso nos escombros. Dois gémeos de seis anos foram resgatados, um dos quais em estado grave. Com eles estariam mais quatro pessoas. E procuram também uma outra criança. "Eles ouviram o choro de um bebé e os gritos da mãe", contaram testemunhas no local.
Nos edifícios que não ruíram por completo, os moradores foram resgatados pelas janelas. Médicos e socorristas estão a assistir os feridos, pelo menos 80, no parque de estacionamento do hospital.
Entre as dezenas de desaparecidos há duas jovens afegãs, de 26 e 27 anos, de um grupo de refugiados que estava no país no âmbito de um acordo de assistência.
O socorro demorou a chegar
Em Accumoli, o mesmo "drama". Remover os escombros numa corrida contra o tempo. E encontra-se lá debaixo uma família inteira morta: pai, mãe e duas crianças de oito meses e oito anos. O primeiro a ser resgatado sem vida foi o bebé. Depois os pais, abraçados. Por último a criança de oito anos. A presença deles tinha sido detetada por cães que participam nas operações.
"O socorro demorou a chegar. A primeira equipa de bombeiros chegou pelas 7.40 horas (6.40 horas em Portugal continental)", ou seja, quatro horas após o primeiro sismo, lamentou o autarca de Accumoli.
Os três municípios mais afetados são localidades com poucos habitantes: Accumoli tem aproximadamente 700, enquanto Amatrice cerca de 2000 e Norcia na ordem dos 4000.
O terramoto ocorreu muito perto de Aquila, onde um sismo de magnitude 6,3 causou, em 2009, mais de 300 mortos e devastou a região de Abruzos.