Avião operado pela Air India, que seguia para Londres, despenhou-se segundos após a descolagem, numa área residencial de Ahmedabad. Entre os passageiros estavam sete portugueses, 169 indianos, 53 britânicos e um canadiano.
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Bastaram dez segundos, após a descolagem, para o Boeing 787-8 Dreamliner, uma das mais modernas aeronaves da atualidade, inverter o seu movimento ascendente, estagnar e perder altitude, afundando durante cinco segundos antes de se despenhar nos bairros apinhados que cercam o aeroporto de Ahmedabad, no noroeste da Índia. A bordo seguiam 230 passageiros, de quatro nacionalidades - sete portugueses, 169 indianos, 53 britânicos e um canadiano – e 12 tripulantes. Destes 242, apenas um homem sobreviveu, Vishwash Kumar Ramesh, 40 anos, residente em Londres, que diz não conseguir explicar como escapou a um embate e explosão que arrastaram todos os restantes para a morte. O total de mortos ascendia hoje a mais de 260, contando-se entre as vítimas aqueles que se encontravam em terra, na área atingida pela aeronave, nomeadamente um alojamento para médicos e estudantes de Medicina.
Depois de divulgadas as nacionalidades dos 230 passageiros pela Air India, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Emídio Sousa, haveria de informar que os sete passageiros portugueses tinham dupla nacionalidade. Os sete, acrescentou Emídio Sousa, “estavam a deslocar-se entre a Índia e Inglaterra e provavelmente até residiriam em permanência em Inglaterra”. Mais tarde, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português adiantou, em comunicado, que nenhum dos sete cidadãos portugueses que morreram no acidente “possui família a viver em Portugal”.
Na nota remetida à agência Lusa, o MNE “lamenta o trágico acidente e reitera sentidas condolências às famílias afetadas, em particular às dos sete nacionais portugueses que faleceram na sequência da queda do avião”. A tutela refere ainda que, dos sete cidadãos com passaporte português, “cinco estão registados no consulado de Londres e dois em Manchester”. “Neste momento os familiares estão a caminho das morgues para identificar os corpos”, referia ainda a mesma nota, assinalando que não havia chegado qualquer pedido de ajuda às autoridades portuguesas.
Os consulados de Portugal contactaram os familiares residentes no Reino Unido e disponibilizaram-se para qualquer apoio necessário e a Embaixada de Portugal na Índia “já manifestou disponibilidade para toda a assistência que venha a ser requerida”, adiantou ainda o ministério liderado pelo ministro Paulo Rangel.
Sobrevivente inesperado
No lugar 11A, junto à porta de emergência, no lado esquerdo da aeronave, seguia Vishwash Kumar Ramesh, um londrino que passara por Gujarat para visitar a família com o seu irmão Ajay, que estava sentado no lugar 11J. “Trinta segundos após a descolagem, ouviu-se um barulho forte e o avião despenhou-se”, contou Kumar Ramesh ao jornal “Hindustan Times”, que mostrou o cartão de embarque do sobrevivente. “Aconteceu tudo tão depressa. Quando me levantei, havia corpos à minha volta. Fiquei assustado. Levantei-me e corri. Havia pedaços do avião à minha volta. Alguém agarrou-me, colocou-me numa ambulância e levou-me para o hospital”, descreveu ainda Ramesh ao mesmo jornal, na cama do hospital. “Ele estava a viajar comigo e já não o consigo encontrar. Por favor, ajudem-me a encontrá-lo”, pediu o sobrevivente, tomado pelo desespero por desconhecer o paradeiro do irmão que o acompanhava na fatídica viagem.
O Boeing 787-8 colidiu com o alojamento de médicos de um hospital que integra ainda o alojamento onde vivem estudantes de Medicina, estrutura onde ficou encaixada a cauda do avião, não sendo ainda claro ontem o número exato de vítimas no local, uma vez que as equipas de emergência não conseguiam fazer a distinção entre as vítimas que seguiam no avião e aquelas que foram apanhadas no solo. As autoridades apontavam hoje para mais de 260 vítimas mortais, mais de 20 encontradas nos edifícios em que a aeronave embateu, quando decorrem ainda as operações de resgate.