Desesperada para ajudar a desenterrar a mãe de 60 anos debaixo de um amontoado de metal e betão, Tancredi correu atrás dos bombeiros pela rua de escombros e pó.
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Vieram - e começaram a pegar em pedaços de pedras com as mãos. Mas terminaram abruptamente. "Estes estão mortos, com certeza", disse um bombeiro, "temos coisas piores para fazer".
Tancredi tem sorte em estar vivo. Quando o sismo atingiu Aquila, ele e a namorada escaparam saltando pela janela da casa de cor creme. Tentaram chegar até à mãe dele, que dormia num quarto ao lado, mas pedaços do apartamento esventrado bloqueavam o caminho.
"Aconteceu tudo muito depressa, havia tanta poeira no ar que mal se via, mal se respirava", disse ele, as calças marcadas com sangue, as mãos arranhadas.
Ao início da manhã, com os bombeiros e polícia desesperados para libertar estudantes aprisionados dentro de uma residência universitária, e outros sepultados sob os escombros de grandes edifícios, vários moradores utilizaram escadas para espreitar as janelas das casas mais pequenas, onde idosos ou crianças podiam estar presos.
A poucos quarteirões de distância, numa rua pejada de tijolo e cacos de vidro, Camillo via o prédio de quatro andares reduzido a escombros, com o seu vermelho telhado estatelado no chão. Vinha à procura do pai. "O meu pai está certamente morto", disse e emudeceu.
Outra mulher assistia em lamúria ao trabalho dos bombeiros - a sua irmã estava dentro daquelas ruínas. Ela chora, chora mais alto quando a única sobrevivente é puxada pelos pés - não é a sua irmã. Com repetidas réplicas, ela grita: "Chega, meu Deus! Chega! Chega destes terremotos!".