Nos 80 anos da libertação do campo de concentração pelos soviéticos, vítimas e líderes mundiais recordaram, esta segunda-feira, o genocídio de milhões durante a Segunda Guerra Mundial.
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Oito décadas após a chegada das tropas soviéticas aos portões de Auschwitz – e a libertação de sete mil prisioneiros que se encontravam no campo de concentração nazi –, os sobreviventes alertam para a falta de humanidade e o crescimento dos “inimigos da democracia”. O ato de recordação ocorre num momento de crescente antissemitismo.
Janina Iwanska, que tinha 14 anos quando esteve presa em Auschwitz, relatou a “euforia” do Mundo com o fim da guerra. “As pessoas acreditavam que a guerra nunca mais iria acontecer e que seríamos felizes para sempre”, descreveu a sobrevivente, uma dos 50 presentes, citada pelo jornal inglês “The Guardian”. “Todavia, algumas pessoas fizeram previsões específicas, dizendo que é impossível que estas coisas nunca mais aconteçam porque as pessoas se tornaram tão desumanas que isto pode voltar a acontecer”, frisou.
Segundo um estudo da Conferência sobre as Reivindicações Materiais Judaicas contra a Alemanha, publicada no dia 23, 46% dos adultos em França entre os 18 e os 29 anos não tinham conhecimento sobre o Holocausto. Na Hungria, 45% dos inquiridos afirmam que o negacionismo do Holocausto é comum no país, seguido pelos EUA, com 44%.
“Sejamos muito sérios e levemos a sério o que os inimigos da democracia pregam. Eles procuram realmente implementar os slogans que promovem caso tiverem sucesso em ganhar poder”, avisou Leon Weintraub. O sobrevivente de 99 anos referiu-se aos movimentos “em muitos países europeus” que “abertamente marcham” com “uniformes e slogans de estilo nazi”, com militantes que “se proclamam, com orgulho, nacionalistas”.
“Não se deve ter qualquer receio. Vemos no mundo contemporâneo, hoje e agora, um enorme aumento do antissemitismo. Foi precisamente este antissemitismo que levou ao Holocausto”, destacou Marian Turski, de 98 anos.
Sem Netanyahu e Putin
O evento de memória teve a presença de diversos líderes, como os presidentes francês, ucraniano, polaco e alemão, o rei britânico Carlos III, e o chanceler da Alemanha. Com mandados de captura pelo Tribunal Penal Internacional, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o presidente russo, Vladimir Putin, não participaram na cerimónia.