Sobreviventes do naufrágio de um barco com migrantes no sul da Grécia estão a processar as autoridades por não os terem resgatado antes do navio se afundar em águas internacionais, em junho passado, anunciaram, esta quita-feira, os advogados.
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Depois do naufrágio do barco, que se estima ter transportado cerca de 750 pessoas, apenas 104 pessoas foram retiradas vivas do mar - todos homens e meninos - enquanto 82 corpos, apenas um deles de uma mulher, foram recuperados.
Os restantes, incluindo mulheres e crianças, afundaram-se numa das partes mais profundas do Mediterrâneo, onde a profundidade chega aos quatro mil metros e a recuperação da embarcação ou das vítimas é praticamente impossível.
Acredita-se que centenas de migrantes tenham ficado presos debaixo de água e acabado por morrer quando uma traineira de pesca modificada que transportava migrantes em direção à Europa afundou no sul da Grécia, em meados de junho.
A guarda costeira grega acompanhou parte da viagem do navio, da Líbia para Itália.
O desastre foi considerado pela Organização Internacional de Migrações (OIM) como uma das maiores tragédias no Mediterrâneo Oriental na última década.
Muitos dos sobreviventes contestam o relato oficial de que foram feitas várias ofertas de ajuda por parte da guarda costeira grega, todas rejeitadas, e afirmam que apenas foi realizado um esforço fracassado para rebocar o navio para um local seguro pouco antes de este se virar e afundar.
A ação judicial foi interposta na quarta-feira em nome de um grupo de 40 sobreviventes contra "todos os responsáveis" do porto de Pireu, perto de Atenas.
Os sobreviventes afirmam que a guarda costeira não agiu de imediato "para resgatar os passageiros a bordo do navio de pesca obviamente sobrecarregado", refere uma declaração conjunta de três organizações voluntárias de advogados e grupos de direitos dos migrantes que estão a trabalhar no caso.
O grupo, adiantam as mesmas fontes, quer ver atribuída "responsabilidade criminal pelos atos e omissões das autoridades gregas".