Bento dos Santos "Kangamba", sobrinho por afinidade do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, negou, esta sexta-feira, a acusação das autoridades brasileiras de envolvimento em tráfico de mulheres.
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Num despacho da agência angolana Angop, que cita fonte oficial, o empresário Bento dos Santos "Kangamba" desmentiu a notícia "posta a circular na imprensa brasileira e nas redes sociais, segundo a qual a Polícia Federal Brasileira o acusa de chefiar um esquema internacional de tráfico de mulheres do Brasil para a África do Sul, Portugal, Angola e Áustria".
O empresário acrescenta não ter recebido qualquer notificação policial sobre os alegados casos de tráfico e que nunca "manteve quaisquer contactos nesse sentido com cidadãos dos países mencionados".
O desmentido vem na sequência da emissão de um mandado de captura contra Bento dos Santos "Kangamba", acusando-o de chefiar uma rede de tráfico de brasileiras, segundo o jornal "O Estado de São Paulo".
"O Estado [de São Paulo] apurou que, na "Operação Garina" deflagrada nessa quinta-feira, 24, a Polícia Federal pediu e a Justiça concedeu a prisão do general Bento dos Santos "Kangamba", caso ele desembarque no Brasil, e incluiu seu nome e o de um comparsa na lista de procurados da Interpol", escreve o jornal brasileiro na edição desta sexta-feira.
No texto do "Estadão", acrescenta-se que "o general é dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o mesmo partido do presidente, e tem influência no Governo por meio de sua mulher, uma filha de Avelino dos Santos, irmão do presidente".
Esta não é a primeira vez que o nome do empresário aparece nas páginas dos jornais internacionais, que o dão como envolvido em casos de polícia: em junho, foi também notícia em França por envolvimento numa investigação em curso sobe a posse de elevadas quantias de dinheiro não declarado, e nesse mesmo mês foi também noticiado que comprou uma casa no mesmo condomínio privado do futebolista português Cristiano Ronaldo, em Madrid.
Em Portugal, a ligação empresarial do único dono do campeão nacional de futebol de Angola, o Kabuscorp, passa também por ser o principal patrocinador do Vitória de Guimarães, que aliás tem as iniciais "BK" estampadas nas camisolas de jogo, havendo um protocolo entre os dois clubes de futebol.
Além deste caso, o nome de Bento dos Santos "Kangamba" está também envolvido noutro processo em França.
A 14 de junho, a polícia alfandegária francesa apreendeu perto de 3 milhões de euros encontrados no porta-bagagens de dois Mercedes de matrícula portuguesa, e deteve cinco indivíduos, de nacionalidade portuguesa, angolana e cabo-verdiana, acusados de branqueamento de capitais e crime organizado, segundo o jornal La Provence.
Os automóveis saíram de Portugal com destino ao Mónaco, tendo sido apreendidos em duas operações distintas. Quatro indivíduos apresentaram-se na esquadra de Montpellier para libertar os ocupantes detidos da segunda viatura e recuperar o dinheiro, tendo sido também detidos.
Um deles era portador de 60 mil euros e de um cartão bancário em nome do general Bento dos Santos "Kangamba" e outro reclamou 100 mil euros do montante apreendido, que se destinaria a gastos de jogo no casino Metrópole no Mónaco.
A Lusa tentou contactar o empresário, mas sem sucesso.