Os socialistas pró-russos na Moldova contestaram esta segunda-feira a legitimidade da presidente pró-europeia cessante, Maia Sandu, reeleita na véspera graças aos votos da diáspora, derrotando na segunda volta das presidenciais o opositor Alexandr Stoianoglo, alegando irregularidades.
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"Maia Sandu é uma presidente ilegítima, é uma presidente da diáspora, reconhecida apenas pelos seus apoiantes no estrangeiro. O povo moldavo sente-se traído e roubado", afirmou o partido num comunicado.
"O Partido Socialista da República da Moldávia não reconhece a votação nas assembleias de voto no estrangeiro, através da qual Sandu foi declarada vencedora das eleições", declarou o partido num comunicado publicado no seu sítio Web.
Depois de contados 100% dos boletins de voto, Sandu recebeu o apoio de 55,33% dos moldavos, contra 44,67% dos votos para o seu rival, segundo os resultados finais provisórios divulgados pela Comissão Eleitoral Central da Moldávia.
Os dados oficiais indicam que, se não fossem os votos de mais de 300 mil moldavos que residem no estrangeiro, o vencedor da segunda volta das eleições moldavas seria Stoianoglo.
Os socialistas afirmam no seu comunicado que o verdadeiro vencedor das eleições e o "candidato do povo" é Stoianoglo, que recebeu o apoio de 51,19% dos eleitores moldavos.
"A maioria dos cidadãos votou contra as políticas das autoridades atuais", afirmam os socialistas moldovos, que consideram que as eleições não foram "livres nem democráticas", especialmente no estrangeiro e na região separatista da Transnístria.
O oligarca Ilan Shor, líder do bloco de oposição Pobeda, acusado pela presidente reeleita de tentar manipular os resultados eleitorais, afirmou que "se Sandu mantiver a presidência, estará a usurpar o poder".
"Iremos contestar a decisão da Comissão Eleitoral perante o Tribunal Constitucional. Vamos lutar porque não podemos aceitar o caos organizado pelas forças ocidentais que tomaram o poder no nosso país", afirmou.
Para os moldavos que votam no estrangeiro, foram instaladas 228 assembleias de voto em 37 países, a maior das quais, 60, em Itália.
O resultado constitui um alívio para o Governo pró-Ocidente, que apoiou fortemente a candidatura de Sandu e o seu impulso para laços ocidentais mais estreitos no caminho da Moldova em direção à União Europeia.
Mais de 1,68 milhões votaram
A afluência às urnas, que fecharam às 21 horas locais (19 horas em Lisboa), foi de mais de 1,68 milhões de pessoas - cerca de 54% dos eleitores elegíveis, segundo a CEC. A grande diáspora moldava, que votou num número recorde de mais de 325 mil eleitores, favoreceu fortemente Sandu na segunda volta.
Na primeira volta, realizada a 20 de outubro, Sandu obteve 42% dos votos, mas não conseguiu obter uma maioria absoluta sobre Stoianoglo.
Com um mandato de quatro anos, a função presidencial na Moldova tem poderes significativos em domínios como a política externa e a segurança nacional.
A vitória de Sandu foi já saudada por, entre outros, pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e pelos presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, Ucraniano, Volodymyr Zelensky, e português, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na passada quinta-feira, o Tribunal Constitucional da Moldova validou os resultados do referendo constitucional, realizado a 20 de outubro, no mesmo dia do que a primeira volta das presidenciais, que foi ganho pelos partidários da adesão à UE por menos de um por cento.
No referendo estava em causa a inclusão do objetivo de adesão à UE na Constituição. Depois de contados 100% dos boletins de voto, o "sim" ganhou com 50,46% dos votos.
A vitória foi alcançada por uma curta margem e grande parte, tal como nas presidenciais, foi conseguida através da diáspora moldava, o que mostra que dentro do território o caminho escolhido pode não ser em direção ao Ocidente.