Ao fim de mais de dois anos de guerra, muitos soldados ucranianos recorrem às aplicações de encontros amorosos para combater a solidão enquanto estão no terreno. Contudo, correm o risco de ser enganados pelo inimigo, que faz uso de informações confidenciais para os encurralar.
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A solidão de quem luta há mais de dois anos na Ucrânia tem sido combatida, pelo menos pelos militares que estão na linha da frente em Vinnytsia, Mykolaiv, Kherson e Avdiivka, nas aplicações, onde estes homens tentam marcar encontros com mulheres que nunca viram, relata o jornal francês "Le Monde". O problema é que, em muitos casos, do outro lado, não está a pessoa das fotografias, mas sim o inimigo russo, que usa as informações dos soldados ucranianos para os atrair e atacar para zonas de perigo.
Ihor Fesik, de 33 anos, é um dos soldados ucranianos que partiu à conquista no Tinder e no Badoo por se sentir sozinho enquanto combate em Vinnytsia. O militar, que já estava presente nas aplicações de encontros antes de ingressar nas Forças Armadas, admite que, no ano passado, a guerra não lhe deu oportunidade de "flertar", mas ultimamente tem sentido mais essa necessidade. “Eu precisava de conversar com mulheres, não há nenhuma na minha unidade. É uma forma de me distrair. E assim sinto-me menos sozinho", contou ao diário gaulês.
Fesik, que trabalhava como músico antes de ser chamado para o campo de batalha, não é o único a fazer uso das aplicações, sendo que, tal como os companheiros, já foi avisado de que as tropas russas estão a usar as plataformas para implementar armadilhas militares e fazê-los entrar em esquemas de fraude financeira.
"Sabemos que a Rússia está a usar todos os meios, incluindo estas aplicações, para recolher dados", alertou Natalya Humenyuk, porta-voz do comando militar no Sul da Ucrânia. "Estamos muito atentos a essa questão e estamos constantemente a comunicar sobre isso no seio das brigadas", acrescentou a responsável.