No seguimento da guerra na Ucrânia, e num momento em que a tensão com a Rússia tem vindo a aumentar, a União Europeia (UE) teme que o regime de Vladimir Putin corte o fornecimento de gás em pleno inverno. O foco é encontrar alternativas à dependência energética e, apesar dos entraves que ainda limitam as interligações com o resto da Europa, os países da Península Ibérica oferecem as potencialidades ideais.
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Cristian-Siviu Bolsoi, presidente da Comissão Parlamentar da Indústria, Investigação e da Energia do Parlamento Europeu, sublinha que ambos os estados têm capacidade para ajudar a dar resposta à crise energética que a Europa vivencia, e que se poderá agravar nos próximos meses, destacando que a implementação de conexões nesta zona da Europa "pode fazer parte de uma solução que já está a ser trabalhada" e que tem como grande objetivo "diminuir a dependência da Rússia", o que, "apesar de constituir um grande risco, é necessário".
Durante o seminário "What are we doing for Ukraine?", que terminou esta quarta-feira em Estrasburgo, França, o eurodeputado romeno frisou que "é essencial investir em terminais de distribuição de gás e promover acordos com novos parceiros". Neste sentido, apontou que Espanha possui "capacidades de GNL muito relevantes" que podem sustentar ligações com outros estados europeus, lembrando, porém, que é primordial melhorar as infraestruturas de circulação, nomeadamente para assegurar que países como a Alemanha, França ou Países Baixos - fortemente dependentes da energia de Moscovo - atravessem um processo de transição menos penoso.
Em Portugal, Bolsoi, que antecipa "um inverno muito difícil" na Europa em termos energéticos, observa capacidades estratégicas que passam pelo Porto de Sines, já que, na sua perspetiva, aqui poderia estabelecer-se "uma excelente ponte de ligação com países como o Qatar, que poderá tornar-se num dos maiores fornecedores de energia", transformando o porto português num grande ponto de acolhimento e armazenamento.
Em linha com a opinião do eurodeputado, Tiago Antunes, secretário de estado para os Assuntos Europeus, assinalou que Portugal "tem interesses a defender" e concorda que Sines "pode ser uma grande porta de entrada de gás e hidrogénio verde para o resto da Europa". Apesar de reconhecer o potencial do porto, Tiago Antunes deixou claro que ainda existem muitas limitações de conexões, mas considera que "este é o momento de passarmos das palavras para os atos".
De olho nos desafios energéticos que se avizinham, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, garantiu esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, que o Executivo que lidera vai apresentar, ainda este mês, um plano de emergência para fazer frente a um eventual corte do gás proveniente da Rússia