A segunda vaga de coronavírus chegou ao Luxemburgo, mas é no outro lado da fronteira que se temem os maiores sacrifícios. Viagem pelas aldeias de França, Bélgica e Alemanha, para dar voz aos trabalhadores que se sentem mais expostos, que são sobretudo portugueses.
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"Se houver um segundo confinamento, não tenho remédio senão voltar para Portugal", lamenta-se Mariana Pinto, 37 anos, lisboeta do bairro da Graça. Chegou em fevereiro, com o companheiro ao lado e uma bebé nos braços. "Vir para o Luxemburgo foi a decisão mais difícil que tomei na vida. Adorávamos viver em Portugal. Adorávamos a luz, o calor, a praia, as pessoas. Mas os salários que recebíamos eram tão baixos que a vida estava a tornar-se insuportável."
A gota de água aconteceu quando a creche da filha aumentou de 80 para 200 euros. "Fizemo-nos à estrada a pensar que essa era a única maneira de continuarmos a ter uma vida digna." Instalaram-se em Villerupt, no lado francês da fronteira. Os pais dela tinham chegado oito anos antes, e garantiram-lhes um teto para recomeçar a vida. "Tínhamos os olhos postos no Luxemburgo, como toda a gente que vive aqui", conta António Albuquerque, o companheiro de Mariana. "A ideia de ficarmos em casa dos meus sogros era temporária, e ao início as coisas corriam bem. Arranjei emprego logo no segundo dia, como empregado de mesa num hotel da capital."
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