Starmer rejeita regresso do Reino Unido à UE mas quer ligação estreita com Europa
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, rejeitou a possibilidade de o Reino Unido regressar à União Europeia (UE), porque ficou decidido em referendo, mas defendeu uma relação estreita com o bloco comunitário.
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"Desde que sou primeiro-ministro tenho sido muito claro que quero 'reiniciar' a relação entre o Reino Unido e a UE. Isso não implica um regresso à União Europeia: aqui realizámos um referendo (2016) sobre isso e essa questão está resolvida. No entanto, quero ver uma relação mais estreita em matéria de defesa e segurança, energia, comércio e economia, e é nisso que estamos a trabalhar", afirmou Keir Starmer.
Starmer fez estas declarações à imprensa quando recebeu o chanceler alemão, Olaf Scholz, na sua residência de campo em Chequers, nos arredores de Londres, para abordar a guerra na Ucrânia, a nova relação com a UE e a situação no Médio Oriente.
O encontro com Scholz decorreu três semanas antes das eleições alemãs e um dia antes do jantar informal em que Starmer participará na segunda-feira com os líderes do Conselho Europeu em Bruxelas, onde serão discutidas medidas para aproximar o Reino Unido e a UE.
O chefe do Governo britânico, que chegou ao poder em julho de 2024, acrescentou que melhorar os laços entre as duas partes é "a melhor coisa para o Reino Unido” e revelou acreditar que é também “a melhor coisa para a UE”.
Além disso, Starmer disse estar animado pelo jantar de segunda-feira em Bruxelas e por um "restabelecimento mais amplo das relações entre o Reino Unido e a UE".
Scholz disse que a sua visita a Chequers representa "um bom sinal das muito boas relações entre os dois países” e também entre os dois chefes de Governo da Alemanha e Reino Unido.
O primeiro-ministro britânico agradeceu ao chanceler alemão por ter viajado até ao Reino Unido para este “importante encontro, especialmente quando se está no meio de uma campanha eleitoral”.
“Quando comecei como primeiro-ministro, há sete meses, estava determinado a reforçar a relação entre os nossos dois países, que já era muito boa, mas pensei que poderia ser mais forte em várias frentes”, disse Starmer.
O chefe do Governo britânico admitiu que o Reino Unido e a Alemanha têm uma visão “comum” sobre os problemas e desafios atuais, incluindo a guerra na Ucrânia após a invasão da Rússia, e realçou que ambos os países fizeram “grandes avanços” na ciência e na tecnologia.
Os dois líderes almoçaram em Chequers, uma mansão localizada no condado de Buckinghamshire, e fizeram um passeio privado pelos terrenos da propriedade antes de almoçarem.
Relação comercial forte com EUA
O primeiro-ministro britânico disse que tentará ter uma relação comercial forte com os Estados Unidos, depois de o presidente norte-americano ter sugerido que aplicaria tarifas aduaneiras à Europa, como aconteceu ao Canadá, ao México e à China.
“Nas conversas que tive com o presidente [dos EUA, Donald] Trump, foi nisso que nos focámos, numa forte relação comercial", disse, considerando que o assunto é prematuro.
Trump assinou no sábado a ordem executiva para a aplicação de taxas aduaneiras aos produtos provenientes do Canadá, do México e da China, que já prometeram retaliar.
No encontro com Starmer, Scholz defendeu que a União Europeia (UE) tem “as suas próprias opções de ação” para reagir às eventuais novas tarifas impostas pelos Estados Unidos e alertou que “é importante” que não se divida o mundo com “barreiras alfandegárias”.
“A troca global de bens e mercadorias provou ser uma grande história de sucesso que permitiu a prosperidade para todos nós”, disse o chanceler alemão aos jornalistas.