Suspeito de homicídio contra Rushdie enfrenta nova acusação por apoio ao terrorismo
O homem que feriu gravemente o escritor Salman Rushdie num ataque com uma faca no oeste de Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 2022, vai enfrentar uma nova acusação de apoio a um grupo terrorista.
Corpo do artigo
O tribunal norte-americano de Buffalo acusou hoje Hadi Matar de fornecer apoio material ao grupo xiita libanês Hezbollah, embora a acusação não tenha detalhado as provas que ligam o suspeito ao movimento pró-iraniano.
A acusação federal surge depois de Matar ter rejeitado, no início de julho, uma oferta dos procuradores para recomendar uma pena de prisão mais curta se aceitasse declarar-se culpado no Tribunal do Condado de Chautauqua, onde é acusado de tentativa de homicídio e agressão.
O acordo exigiria também que se declarasse culpado de uma acusação federal relacionada com terrorismo, que ainda não tinha sido apresentada na altura.
Em vez disso, ambos os casos serão agora julgados separadamente. A seleção do júri no processo estadual está marcada para 15 de outubro.
O advogado de Matar, Nathaniel Barone, não comentou ainda as acusações que pendem sobre o seu cliente.
O Hezbollah é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos e por vários países, na sua totalidade ou parcialmente apenas em relação ao seu braço armado, com é o caso da União Europeia.
O acusado, de 26 anos, está detido sem fiança desde o ataque ocorrido em agosto de 2022, durante o qual esfaqueou Rushdie mais de uma dúzia de vezes, enquanto o escritor subia ao palco para dar uma palestra na Instituição Chautauqua.
Os ferimentos cegaram Rushdie de um olho. O moderador do evento, Henry Reese, também ficou ferido.
O escritor detalhou o ataque e a sua longa e dolorosa recuperação num livro de memórias publicado em abril.
Salman Rushdie, aclamado ensaísta escritor anglo-americano de 77 anos com origem indiana muçulmana, passou anos escondido depois de o 'ayatollah' Khomeini do Irão ter emitido uma 'fatwa', ou decreto, em 1989, condenando-o à morte por causa do seu romance "Os Versículos Satânicos" que considerou uma blasfémia.
Matar nasceu nos Estados Unidos, mas tem igualmente nacionalidade libanesa, de onde são naturais os seus pais, e vivia em Nova Jersey antes do ataque.
A sua mãe disse que ele ficou retraído e mal-humorado depois de visitar o pai no Líbano em 2018.
O ataque levantou questões sobre a proteção de segurança adequada a Rushdie, dado que ainda é alvo de ameaças de morte.
Na altura, um polícia estadual e um delegado do xerife do condado foram destacados para a palestra.
A investigação sobre o esfaqueamento de Rushdie centrou-se em parte na questão de saber se Matar agiu sozinho ou em conjunto com grupos militantes ou religiosos.
Em 1991, um tradutor japonês da obra "Os Versículos Satânicos" foi morto à facada. Outro tradutor italiano sobreviveu a um ataque com uma faca no mesmo ano. Em 1993, o editor norueguês do livro de Salman Rushdie foi atingido a tiro três vezes, mas sobreviveu.