Tetsuya Yamagami, homem de 45 anos acusado do homicídio do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, confessou o crime nesta terça-feira, no primeiro dia de julgamento, em Tóquio.
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O crime ocorreu em julho de 2022, enquanto Abe discursava na cidade de Nara, durante a campanha eleitoral. O suspeito foi detido no local após disparar duas vezes contra o ex-líder japonês, que acabou por morrer no hospital, episódio que abalou profundamente o país e o mundo.
"É verdade que fui eu", declarou Yamagami, segundo a emissora pública NHK.
Durante as investigações, o réu afirmou ter atacado Abe por acreditar que o ex-primeiro-ministro mantinha ligações com a Igreja da Unificação, organização religiosa que, defendeu, arruinou financeiramente a sua família.
De acordo com a BBC, a mãe de Yamagami teria doado cerca de 100 milhões de ienes (aproximadamente 565 mil euros) à igreja como prova da sua fé.
As revelações estiveram na origem de uma investigação à instituição religiosa, que resultou na demissão de quatro ministros. Em março deste ano, um tribunal de Tóquio ordenou a dissolução da igreja, retirando-lhe o estatuto de isenção fiscal e determinando a liquidação dos seus ativos.
Apesar disso, a mãe do arguido, que deverá ser chamada a testemunhar, mantém a fé, afirmando que o homicídio reforçou as suas crenças, segundo o "Japan Times".
O julgamento de Yamagami deverá prolongar-se até janeiro de 2026, uma vez que o acusado nega parte das acusações, nomeadamente as relacionadas com violação das leis de controlo de armas. A defesa argumenta que a arma usada, de fabrico artesanal, não se enquadra na categoria de armas de fogo prevista na legislação japonesa, e pede uma redução da pena.
O caso levou o Japão, um dos países com menores índices de violência armada do Mundo, a reforçar ainda mais as restrições sobre a posse de armas.
