O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros britânico Mark Field afirmou esta quinta-feira que a líder birmanesa Aung San Suu Kyi "se comprometeu" a permitir o regresso a Myanmar de centenas de milhares de membros da minoria rohingya.
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Field, secretário de Estado para a Ásia, Australásia e Pacífico, fez a declaração à BBC Radio 4 na sequência da visita que fez a Naypyidaw, onde se encontrou com a líder birmanesa.
"O seu compromisso é que permitirá, àqueles que o desejem, regressar", disse Field.
"Há nesta altura centenas de milhares de rohingya do lado do Bangladesh. A grande questão é saber quantos se sentirão suficientemente seguros [...] para regressar", acrescentou.
Suu Kyi, ex-dissidente birmanesa e Nobel da paz, tem sido criticada internacionalmente por defender a atuação do exército.
Mark Field explicou que a líder birmanesa está "numa situação complicada", porque "o exército continua a ser muito poderoso" e, nos últimos anos, "foram dados pequenos passos para a democracia".
Pelo menos 14 refugiados rohingyas, a maioria crianças, morrem em naufrágio
Pelo menos 14 refugiados da minoria muçulmana rohingya, a maioria crianças, perderam a vida num naufrágio ocorrido no golfo de Bengala, no Bangladesh, divulgou hoje a polícia local.
Os refugiados, que fugiam de Myanmar, não conseguiram sobreviver quando a embarcação em que viajavam naufragou.
"Até agora, 14 corpos foram transportados para perto da praia de Inani. São rohingyas", disse, em declarações à agência noticiosa France-Presse (AFP), Fazlul Karim, agente da polícia de Cox's Bazar (no sul do Bangladesh).
A mesma fonte precisou que as vítimas são dez crianças e quatro mulheres.
Cerca de 480 mil rohinyas fugiram para o vizinho Bangladesh desde finais de agosto para tentar escapar a uma campanha de repressão do exército birmanês após ataques da rebelião jovem rohingya, segundo dados da ONU.
As Nações Unidas consideram que o exército birmanês e milícias budistas estão envolvidos numa limpeza étnica contra esta minoria muçulmana concentrada no estado de Rakine (anteriormente Arakan) no oeste da Birmânia, uma região historicamente conturbada.
Estima-se que os rohingyas - uma minoria étnica não reconhecida pelas autoridades de Myanmar - sejam cerca de um milhão, havendo entre 10 mil e 20 mil pessoas dessa etnia, exaustas, esfomeadas e por vezes feridas a franquear diariamente a fronteira para o Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo.
A violência e a discriminação contra os rohingyas intensificaram-se nos últimos anos: tratados como estrangeiros em Myanmar, um país mais de 90% budista, são a maior comunidade apátrida do mundo.
Desde que a nacionalidade birmanesa lhes foi retirada em 1982, têm sido submetidos a muitas restrições: não podem viajar ou casar sem autorização, não têm acesso ao mercado de trabalho, nem aos serviços públicos (escolas e hospitais).