O Conselho de Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) aprovou, esta quinta-feira, um texto condenatório dos Estados Unidos e aliados europeus. Irão negou que esteja a produzir uma arma nuclear e denunciou falta de pressão contra Israel.
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Teerão rejeitou a “resolução política” adotada pelo Conselho de Governadores da Agência Internacional da Energia Atómica e prometeu aumentar o enriquecimento de urânio, com a construção de uma nova instalação. O texto, apresentado pelos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França, acusa o Irão de não conformidade com as obrigações de não proliferação de armas nucleares.
A resolução da AIEA foi aprovada com os votos favoráveis de 19 dos 35 países no Conselho, com oposição de China, Rússia e Burkina Faso. A condenação a Teerão, a primeira em quase 20 anos, poderá possibilitar a reintrodução de sanções das Nações Unidas que foram retiradas em 2015, quando foi adotado o acordo nuclear – que posteriormente o presidente dos EUA, Donald Trump, no primeiro mandato, abandonou. Esta saída unilateral de Washington é usada como justificação pelo Irão para não cumprir com o pacto.
Num comunicado conjunto da diplomacia iraniana e da Organização de Energia Atómica do Irão, citado pela agência estatal IRNA, Teerão salientou que o país “sempre aderiu aos seus compromissos de salvaguardas”. Ambos classificaram ainda o relatório da AIEA, divulgado recentemente e que serviu como base para o texto aprovado esta quinta-feira, como “inteiramente político e tendencioso”.
“Estas ações dos quatro países ocorrem enquanto permanecem em silêncio relativamente à exclusão do regime sionista [de Israel] do Tratado de Não Proliferação Nuclear e ao seu desenvolvimento de programas de armas de destruição maciça, incluindo armas nucleares”, denunciaram as entidades, referindo ainda as ameaças de Telavive contra “instalações nucleares pacíficas”.
Teerão, que nega ter planos de criar uma arma atómica, afirmou que “não tem outra escolha senão responder a esta resolução política”. A Organização de Energia Atómica do Irão ordenou a criação de uma nova instalação para o enriquecimento de urânio num “lugar seguro” e para que as centrífugas de primeira geração na central de Fordow sejam substituídas por “máquinas avançadas de sexta geração”. “A nossa produção de material enriquecido aumentará significativamente”, declarou o porta-voz Behrouz Kamalvandi à televisão estatal.
Washington retira pessoal
O escalar de tensões na região fez com que os Estados Unidos retirassem funcionários de localidades no Médio Oriente, anunciou Donald Trump, na quarta-feira. A agência Reuters informou que Washington preparava uma evacuação parcial da sua embaixada no Iraque. Além disso, familiares de militares terão permissão para deixar a região. Nas últimas semanas, os serviços secretos dos EUA têm indicado um eventual ataque a instalações nucleares do Irão por parte de Israel. Já o Ministério da Defesa de Teerão prometeu retaliar contra “todas as bases” norte-americanas ao alcance do seu armamento.
“Bem, estão a ser retirados porque pode ser um lugar perigoso”, declarou o líder da Casa Branca, que voltou a repetir o recado a Teerão: “Eles não podem ter uma arma nuclear, muito simples. Não vamos permitir isso”. A sexta ronda de negociações entre os Estados Unidos e o Irão está prevista para este domingo em Mascate, anunciou esta quinta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros de Omã, Badr Albusaidi.