Um dos defensores do último reduto de resistência em Mariupol, o complexo siderúrgico de Azovstal, contou à BBC que os russos largam bombas que perfuram paredes e destroem os abrigos. Há civis soterrados nos escombros e aterrados com o que lhes pode acontecer se saírem.
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Svyatoslav Palamar é um dos cerca de dois mil combatentes ucranianos sitiados no complexo industrial de Azovstal, o último pedaço de território de Mariupol que escapa ao alegado controlo russo daquela cidade estratégica, ponto de entrada do mar de Azov. Conta que convivem com mortos, feridos e as bombas russas, mas resistem.
"Sempre disse que enquanto aqui estivermos, Mariupol continua sob controlo da Ucrânia", disse Svyatoslav Palamar, em declarações à BBC, produzidas a partir de Azovstal, o complexo industrial ucraniano em cujos túneis e caves estão milhares de pessoas, entre combatentes e civis.
Svyatoslav Palamar diz que os russos atacam o complexo metalúrgico a partir de navios de guerra e com bombas perfurantes, capazes de destruir os abrigos e as paredes de betão. "Todos os edifícios do complexo de Azovstal estão praticamente destruídos. Largam bombas pesadas, bombas perfuradoras que causam grandes estragos", disse.
"Temos mortos e feridos nos abrigos. Alguns civis estão soterrados debaixo dos escombros", revelou Palamar. "Mantemos o contacto com os civis que ficam em locais a que conseguimos chegar. Sabemos que há crianças pequenas, algumas com três meses de idade", acrescentou, aquele combatente do controverso batalhão de Azov, uma força de extrema-direita neonazi, integrado na Guarda Nacional ucraniana durante a guerra.
Palamar apela à criação de uma passagem segura para os civis que estão refugiados em Azovstal. "Estas pessoas passaram por muito, por muitos crimes de guerra. Não confiam nos russos, têm medo", disse, pedindo a intervenção de um país terceiro para fiscalizar a retirada de civis. Homens, mulheres e crianças temem a deportação para a Rússia, através dos chamados campos de triagem, a tortura e o assassínio às mãos dos solados do regime de Moscovo.