Domingo foi um dia difícil para a Ucrânia. Segunda-feira chega sem garantias de esperança, apesar das negociações aprazadas entre os beligerantes, quando na Rússia começam a notar-se as sanções.
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Imagens de satélite, captadas no domingo, mostram uma coluna militar russa, de cerca de cinco quilómetros de extensão, a 64 quilómetros de Kiev. Enquanto manifesta intenção de negociar, a Rússia de Putin aperta o cerco à Ucrânia, que vai resistindo.
Domingo "foi muito difícil" para as linhas de defesa ucranianas. "As tropas russas bombardearam em todas as direções", revelou o Exército da Ucrânia, numa mensagem no Facebook de balanço ao quarto dia de guerra. O mesmo dia em que os beligerantes aceitaram negociar. O encontro ficou marcado para segunda-feira, numa localidade junto à fronteira com a Bielorrússia. Não em território bielorrusso, regime que apoia Putin, tanto moral como militarmente na investida ucraniana.
Zelensky diz que as próximas 24 horas são decisivas
Numa conversa telefónica com primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, terá dito que as próximas 24 horas vão ser decisivas para a Ucrânia. Segunda-feira, o quinto dia do conflito, é também o primeiro da esperança, ténue, num cessar-fogo: a Rússia estende uma mão para negociar, mas atira bombas e mísseis com a outra. E abre a boca para ameaçar todo o Ocidente, para pôr o Mundo todo em risco.
"Ordeno ao ministro da Defesa e ao chefe de Estado-Maior que ponham a força dissuasora do exército russo em alerta especial de combate", disse Putin numa reunião televisiva com os chefes militares, domingo. O presidente russo respondeu ao que classificou de "declarações agressivas" do Ocidente com um alerta máximo que pode incluir a componente nuclear.
"Penso que é uma distração da realidade do que está a acontecer na Ucrânia", afirmou Boris Johnson, depois se encontrar com os membros da comunidade ucraniana em Londres. "Estas são pessoas inocentes que enfrentam uma agressão totalmente não provocada, e o que está realmente a acontecer é que talvez se estejam a defender com mais resistência, do que o Kremlin imaginava", acrescentou.
Declarações de um dia longo, duro. Um domingo que não foi nada como outro qualquer e que o JN acompanhou ao minuto. Um dia em que povos de todo o mundo saíram à rua, fizeram ouvir o protesto contra Putin e contra a guerra. Em defesa de um só povo. Toda a informação que pode rever aqui:
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A Ucrânia resiste, dá luta. A Europa acelera na defesa dos ucranianos, após dois dias a tatear. Domingo, a União Europeia anunciou o fecho do espaço aéreo europeu a todos os aviões russos. Foi mais uma medida de força, das várias aplicadas nas 24 horas que mediaram o terceiro e o quarto dia de combates na Ucrânia.
A União Europeia anunciou, ainda, um inédito programa de compra de armas para fornecer à Ucrânia, juntando-se aos esforços de países como os EUA, Canadá, Alemanha, Bélgica, Portugal, entre outros, que prometeram ajudar os ucranianos a defenderem-se.
O Ocidente apertou o garrote das sanções à Rússia. E os primeiros sinais de instabilidade e receio já se notam à porta de Putin. Em Moscovo, viram-se imagens de filas à porta dos bancos, provavelmente repetidas noutras cidades. Os russos receiam limitações ao levantamentos de dinheiro e falhas nos cartões de débito e de crédito após a exclusão de bancos russos do sistema internacional de transações financeiras, SWIFT, anunciado pela União Europeia, no sábado à noite.
Russos começam a sentir efeitos das sanções económicas
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen anunciou, ainda, o congelamento de ativos do banco central russo. Segundo a BBC, a medida impede o banco central russo de movimentar mais de 500 mil milhões de euros em reservas de moeda estrangeira, o que limita a capacidade do regulador financeiro russo em defender o rublo. A moeda russa caiu 30% em relação ao dólar no domingo, o primeiro dia após o anúncio das sanções.
Com a moeda fraca, a inflação deve disparar na Rússia. A subida dos preços vai dificultar a vida aos russos e pode originar uma comoção social mais alargada, num país em que a liberdade não é um dado adquirido e direito a manifestar-se é reprimido - mais de quatro mil russos foram detidos nos últimos dias por protestarem contra a guerra.
Esta segunda-feira é também o dia em que a Organização das Nações Unidas, ONU, volta a tentar encontrar uma forma de condenar a Rússia pelo ataque à Ucrânia. para contornar o veto dos russos, um dos cinco países com assento no Conselho de Segurança, a ONU agendou uma reunião especial da Assembleia-Geral.
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