O pesadelo do naufrágio do Costa Concordia voltou, este domingo, a assombrar os italianos. Um "ferry" que tinha partido manhã cedo da cidade grega de Patras rumo a Ancona, na Itália, com 478 pessoas a bordo, incendiou-se ao largo da Grécia, causando a morte a pelo menos uma pessoa que, em desespero, se lançou ao mar, acabando por não resistir ao frio.
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O incêndio a bordo do "Norman Atlantic", navio de bandeira italiana mas operado pela companhia grega "Anek", começou na zona reservada aos veículos, onde estavam cerca de 200 automóveis, mas o calor atingiu rapidamente todo o navio. Seguiram-se momentos de pânico e iniciou-se um contrarrelógio para salvar os passageiros e a tripulação.
"Parecia o Titanic", contaram duas irmãs adolescentes de nacionalidade grega, após terem sido resgatadas. Em choque e assustados, os passageiros iam sendo retirados do "ferry" pelas equipas de salvamento apoiadas por helicópetros, botes salva-vidas e outras embarcações. Um outro viajante contou a uma televisão grega que chegou a sentir os sapatos a derreterem.
Molhados e enregelados, os passageiros amontoavam-se no "deck" superior do "ferry" e, enquanto pediam por socorro, relatavam o seu terror às televisões gregas através de contactos via telemóvel.
Os ventos fortes, com rajadas de 100 quilómetros por hora, além da chuva forte e granizo, pioravam o cenário dos salvamentos por mar e ar. Um helicóptero da Força Aérea grega tentou repetidamente salvar duas pessoas que caíram de uma saída de emergência e ficaram presas na linha de água, à mercê de ondas de seis metros.
Até ao momento, foram resgatadas 190 pessoas, entre as quais algumas crianças, dos 478 passageiros: 268 pessoas de nacionalidade grega, 22 italianos, sendo os restantes maioritariamente de nacionalidade turca, alemã, italiana e francesa.
O "ferry" estava já perto de águas territoriais albanesas e o incêndio dado como controlado. Os passageiros que ainda não tinham sido resgatados aguardavam por ajuda na proa do navio comandado por um italiano de 62 anos.
Situação "sob controlo"
O operador do ferry Norman Atlantic assegurou este domingo ao final da tarde que a situação está "sob controlo". Cerca das 18.30 horas, não havia "mais que fumo" no navio e estava a ser feita uma nova tentativa para que outros navios se pudessem aproximar do Norman Atlantic para resgatar passageiros, através de escadas de corda.
A companhia grega, que aluga o ferry ao seu proprietário italiano, afirmou que o navio tinha começado a ser rebocado, mas a operação foi interrompida "porque a corda do reboque se quebrou". O destino do navio não estava ainda claro, já que as autoridades italianas insistem em rebocar o ferry para Brindisi, em Itália, mas a costa albanesa encontra-se muito mais perto.
A ondulação e ventos fortes dificultaram durante todo o dia o resgate dos passageiros e tripulantes do Norman Atlantic, a ser realizado pelas autoridades da Grécia, Itália e Albânia.