Mais de 20 mulheres suspeitas da prática de feitiçaria foram mortas por fundamentalistas islâmicos, no nordeste da Nigéria, após os filhos de um comandante do grupo Boko Haram terem morrido repentinamente. O líder do grupo, Ali Guyile, já teria mandado deter cerca de 40 mulheres, na semana passada, perto da cidade de Gwoza, no estado de Borno.
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Talkwe Linbe conseguiu fugir para a capital regional Maiduguri com a ajuda de um amigo, após a detenção de 14 mulheres, na passada quinta-feira. "Tive sorte de não ser uma delas e um amigo meu, entre os homens que nos vigiavam, ajudou-me a escapar na mesma noite", afirmou a mulher.
No sábado, o dia em que chegou a Maiduguri, outras 12 mulheres foi massacradas.
A sobrevivente acrescentou que Ali Guyile ia investigar o envolvimento das mulheres na morte dos filhos e "daria uma punição apropriada" se fossem consideradas culpadas.
Abdullahi Gyya, que mora em Maiduguri, recebeu uma chamada de Gwoza com a informação de que a mãe, duas tias e outras nove mulheres "foram massacradas sábado por ordem de Ali Guyile, que as acusou de serem bruxas que mataram os seus três filhos".
A comissária estatal de Borno, em comunicado à AFP, afirmou não ter ouvido falar do incidente, mas garantiu que iria investigar o caso.
O destino das outras detidas é atualmente desconhecido.
As forças de segurança nigerianas estão a combater o Boko Haram e os fundamentalistas islâmicos ligados ao grupo extremista Estado Islâmico, cuja insurgência provocou a morte de 40 mil pessoas e obrigou dois milhões a abandonar as suas áreas de residência desde 2009.