O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu esta noite às autoridades egípcias que assegurem a segurança da representação diplomática israelita no Cairo, depois de ter sido invadida por manifestantes, noticia a AFP.
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Vários tiros foram entretanto ouvidos junto à embaixada, cuja proveniência não foi possível detectar, mas que pareciam, segundo o jornalista da AFP no local, vir de uma esquadra da polícia nas redondezas da representação diplomática.
A embaixada de Israel na capital egípcia foi invadida esta noite por manifestantes, que atiraram para a rua milhares de documentos retirados da representação diplomática.
Um jornalista da agência francesa AFP presente no local relatou que muitos dos documentos que estão a ser arremessados para a rua são provenientes dos serviços diplomáticos israelitas, cujo edifício é desde a tarde de hoje alvo de manifestações.
A cidade do Cairo está ao rubro desde o início da tarde, com milhares de pessoas concentradas na Praça Tahrir, no centro da cidade, enquanto se verifica também uma concentração junto à embaixada do Egipto, de onde foi retirada por um manifestante a bandeira que ali estava içada, tendo sido espezinhada.
O muro recentemente construído pelas autoridades egípcias em torno do edifício da embaixada foi demolido durante a tarde por centenas de manifestantes, munidos de martelos, barras de ferro e cordas.
As relações israelo-egípcias atravessam uma fase delicada, após a morte em meados de Agosto passado de cinco polícias egípcios, no seguimento de uma perseguição de autoridades israelitas a alegados autores de ataques mortíferos no sector de Eilat, no sul de Israel, perto da fronteira com o Egipto.
As autoridades justificaram a construção do muro com a necessidade de proteger os habitantes dos andares mais baixos do prédio que tem as instalações da embaixada de Israel na sua parte superior.
O Egipto foi o primeiro país árabe a estabelecer a paz com o Estado hebraico, em 1979.
Ao longo de todo o dia, milhares de pessoas reuniram-se na Praça Tahrir, em outro local do Cairo, para uma manifestação intitulada "Sexta-feira do Retorno ao Bom Caminho".
Os manifestantes respondiam assim ao apelo de organizações laicas e de esquerda, nomeadamente movimentos de jovens, para reclamar mais reformas e democratização por parte do Exército, no poder desde a queda de Hosni Moubarak, em Fevereiro passado.
Manifestações semelhantes realizaram-se em outras importantes cidades do país, como Alexandria, na costa mediterrânica, e Suez, à entrada do canal com o mesmo nome, noticiou a agência oficial Mena.