Susana Andrade, portuguesa a viver em Senlis, em Oise, na região do norte de França onde decorre a caça aos dois suspeitos do atentado ao "Charlie Hebdo" , não levou os dois filhos à escola, esta sexta-feira de manhã. "Tenho medo... A polícia não pode estar em todo o lado".
Corpo do artigo
"Como entraram numa fábrica, também podiam ter entrado na escola", explicou, esta manhã de sexta-feira, Susana Andrade, que preferiu fica fechada em casa com os dois filhos, Gonçalos, de cinco anos, e Bruna, de 15, enquanto decorre, na região, a perseguição ao suspeitos do atentado que fez 12 mortos na sede da revista "Charlie Hebdo".
Susana estava a trabalhar, quinta-feira, e ficou aflita ao receber uma mensagem do irmão a contar o que se estava a passar a poucos quilómetros de distância. "O meu irmão, que costuma vir cá visitar-me e conhece bem a região, partilhou uma notícia no meu mural" do Facebook", contou.
Quase de imediato, recebeu mensagens das duas escolas dos filhos. "Explicavam que as escolas estavam fechadas e protegidos por um dispositivo policial. Fiquei descansada", disse.
Só quando chegou a casa e ligou a televisão na BFMTV, emissora local de televisão local que segue em direto a operação de busca dos suspeitos, Susana percebeu a dimensão do aparato policial que a cercava. "Moro no centro da vila, não consigo perceber o que se passa do outro lado", explicou. "Devem ter-se escondido na floresta durante a noite", calcula a portuguesa, a viver na zona do Parque Natural de Oise.
Esta manhã se sexta-feira, Susana Andrade mantém-se a acompanhar a emissão em direto da BFMTV. "Os canais nacionais de televisão não têm dado muito destaque a este caso. As televisões portuguesas têm dado muito maior cobertura do que as francesas", concluiu.
"Um palco de guerra"
A portuguesa Alexandrina Vieira, funcionária num restaurante na aldeia onde decorre a operação policial para deter os dois suspeitos do atentado de Paris, disse, esta sexta-feira, à Lusa que o local está transformado num "palco de guerra".
"É um palco de guerra a entrada de Seine-et-Marne, com um grande aparato de polícias, autoridades armadas e tudo isso, há helicópteros a sobrevoar a zona", relatou a portuguesa.
Alexandrina Vieira descrevia assim a operação policial que já foi confirmada oficialmente pelo Ministério do Interior francês, e que tem por objetivo deter os dois suspeitos do atentado ao jornal satírico Charlie Hebdo, que já terão feito um refém na localidade, segundo fontes policiais.
"Não pode haver supressão da liberdade, sinto uma revolta [por ver] pessoas inocentes que morrem por um ódio e um simples papel", disse a portuguesa à Lusa, referindo-se aos 12 mortos no ataque feito pelos dois suspeitos que agora estão a ser cercados pela polícia nos arredores de Paris.