O Papa Francisco morreu ao início da manhã da Segunda-feira Santa, aos 88 anos, vítima de um AVC, ao fim de 12 anos de um pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais na Igreja, que tentou tornar mais aberta a "todos, todos, todos". O português Tolentino de Mendonça está na lista dos possíveis sucessores.
Corpo do artigo
À morte de um Papa, segue-se a habitual tentativa de adivinhação da sucessão. Um exercício quase impossível, já que as posições dos 135 cardeais que votam para eleger o novo pontífice mudam ao longo das votações e alguns tentam manipular o sistema para influenciar as probabilidades - no último conclave, em 2013, poucos previram que Jorge Mario Bergoglio fosse eleito. Com a morte de Francisco, de acordo com o jornal britânico "The Guardian", as apostas concentram-se em nove homens, dos mais progressistas aos mais conservadores.
No grupo selecionado pelo diário de referência internacional, está o português Tolentino de Mendonça, o mais jovem potencial sucessor de Francisco (tem 59 anos). "Atraiu controvérsia por simpatizar com visões tolerantes em relação a relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo e por se aliar a uma irmã beneditina feminista que defende a ordenação de mulheres e é pró-escolha [em relação ao aborto]. Era próximo de Francisco na maioria das questões e defende que a Igreja deve envolver-se com a cultura moderna", escreve o "The Guardian".
Tolentino de Mendonça é o cardeal português mais próximo da cúpula do Vaticano, onde vive em permanência desde 2018. Foi arquivista e bibliotecário da Santa Sé e é atualmente prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, organismo responsável pela valorização do património cultural da Igreja, da atuação junto das escolas e a ligação aos centros de investigação católicos. No dia em que foi investido cardeal, a 5 de outubro de 2019, ouviu o Papa Francisco dizer-lhe: “Tu és a poesia”. O mesmo Papa Francisco que em fevereiro deste ano, aquando do internamento devido a graves problemas respiratórios, lhe delegou em exclusivo a leitura da oração do Angelus, que habitualmente proferia. Poeta consagrado, D. Tolentino é padre desde julho de 1990, doutorado em Teologia Bíblica e professor na Universidade Católica. Em 2020, em plena pandemia, foi o responsável pelo discurso principal do Dia de Portugal, a 10 de junho, no qual clamou por um pacto entre gerações para a construção de uma nova sociedade.
No grupo de nove possíveis sucessores selecionados pelo jornal britânico, estão ainda os italianos Pietro Parolin, Matteo Zuppi e Pierbattista Pizzaballa, o filipino Luis Antonio Tagle (a ser eleito, seria o primeiro Papa asiático), o ganês Peter Turkson, o húngaro (e conservador) Péter Erdő, o maltês Mario Grech e o guineense Robert Sarah.