O partido de Keir Starmer está em confortável vantagem para as eleições desta quinta-feira, perante o anunciado desaire do primeiro-ministro ministro, o conservador Rishi Sunak. Em disputa estão 650 lugares na Câmara dos Comuns.
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O Reino Unido vive amanhã um dia eleitoral que poderá ditar uma reviravolta política. As sondagens fazem antever uma derrota estrondosa para o primeiro-ministro, Rishi Sunak, que corre o risco, inclusivamente, de não ser eleito deputado. Face ao previsível desaire do Partido Conservador, os trabalhistas de Keir Starmer estão em vias de voltar ao poder ao fim de 14 anos.
Desde que as eleições antecipadas foram agendadas, no final de maio, a popularidade de Rishi Sunak não pára de descer e os conservadores podem mesmo perder 300 dos 365 lugares que ocupavam no Parlamento antes da dissolução (ao todo, são 650). A impiedosa Imprensa britânica fala de um “banho de sangue eleitoral” para os Tories.
O estudo feito pela Redfield & Wilton Strategies, junto de 20 mil eleitores, que o jornal “The Guardian” divulgou nesta terça-feira mostra o Partido Trabalhista com uns confortáveis 41%, seguido à distância pelos conservadores (22%). O Partido Reformista de Nigel Farage, o principal arquiteto do Brexit, surge como terceiro nas preferências dos eleitores (16%), enquanto os liberais democratas de Ed Davey são quartos (10%).
Apesar de nesta sondagem os conservadores não aparecerem atrás de Farage – cenário que surgiu pela primeira vez numa projeção de meados de junho –, Rishi Sunak pode sair prejudicado com a fragmentação dos votos à direita. E, a confirmar-se a não eleição de Sunak pelo círculo de Richmond, será a primeira vez que um chefe de Governo britânico em funções não consegue ser reeleito como deputado.
As promessas eleitorais do atual primeiro-ministro centram-se na redução de impostos e no combate à imigração ilegal. Uma das recentes medidas que tomou, e que terá efeitos só depois destas eleições, é a deportação de migrantes provenientes do Ruanda que estão em situação irregular.
Por seu lado, Keir Starmer pretende aumentar impostos a determinados contribuintes, como escolas privadas ou empresas. Também anunciou medidas de cariz económico e social, a nível de justiça e de segurança e de educação e trabalho. Diminuir a imigração está igualmente entre as suas apostas.
Quanto ao reformista Farage, a principal política é restringir a imigração.
Polémicas
Depois de ter sido duramente criticado por ter saído mais cedo das comemorações dos 80 anos do Dia D, na Normandia (França), Rishi Sunak voltou a ser notícia pela negativa devido a uma polémica que envolveu elementos do Partido Conservador.
Há duas semanas, veio a público um escândalo em torno de apostas sobre o dia das eleições antecipadas, assunto que deveria ser sigiloso. Várias pessoas do seu círculo político e um guarda-costas foram (ou estão ainda a ser) alvo de investigação por suspeita de fraude.
O Reino Unido tem passado por períodos de grande instabilidade desde o referendo (2016) que ditou o Brexit, a saída da União Europeia. A pandemia de covid 19 e a crise económica que teima em manter-se continuam a massacrar os conservadores.
São cerca de 46 milhões as pessoas que podem votar nesta quinta-feira, naquela que é a primeira eleição geral no país desde 2019. Para surpresa de todos, a 30 de maio o primeiro-ministro dissolveu o Parlamento, convocando legislativas antecipadas.