Um tribunal do Bangladesh condenou esta terça-feira o proprietário do edifício que desabou em 2013, no que é considerado o pior desastre industrial do país, a três anos de prisão por rendimentos não declarados.
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A juíza Imrul Kayes considerou Sohel Rana, dono do edifício Rana Plaza, culpado por ter recebido rendimentos ilegais.
Mais de 1100 pessoas, na sua maioria trabalhadores da área têxtil, morreram e 2500 outras ficaram feridas quando o prédio que abrigava cinco fábricas de vestuário desabou em abril de 2013.
Sohel Rana enfrenta, separadamente, várias outras acusações, incluindo homicídio, pelo seu envolvimento nas mortes dos trabalhadores.
Se for considerado culpado de homicídio, Rana poderá ser condenado à pena de morte, segundo o relatório da polícia apresentado ao tribunal que descreve "mortes em massa".
Os investigadores descobriram que Rana, a sua equipa e as gerências das cinco fábricas obrigaram os trabalhadores a entrar no prédio no dia do desabamento, apesar de o edifício ter apresentado grandes rachas no dia anterior.
O veredicto de hoje ocorreu depois de o órgão de controlo oficial de corrupção de Bangladesh ter apresentado uma acusação contra Rana de ganhar dinheiro além das fontes conhecidas e usar esse dinheiro para construir o Rana Plaza, violando as leis de construção.
Os advogados de defesa disseram que Sohel Rana vai recorrer da sentença.
O desabamento de abril de 2013 revelou as sombrias condições da indústria de vestuário no Bangladesh, que gera mais de 25 mil milhões de dólares (20,7 mil milhões de euros) por ano de exportações, principalmente para os Estados Unidos e a Europa.
Os baixos salários nos países do sul da Ásia levaram as marcas globais e retalhistas a preferirem o Bangladesh em relação à China, o principal exportador mundial de roupas.
O Bangladesh é a segunda maior indústria de vestuário do mundo, com quase quatro mil fábricas e que emprega cerca de quatro milhões de trabalhadores, principalmente mulheres.