Ex-vice-presidente da Comissão Europeia entre os três detidos por suspeitas de fraude na UE

Federica Mogherini é reitora da Universidade da Europa desde setembro de 2020
Foto: John Thys / AFP
A ex-vice-presidente da Comissão Europeia e atual reitora da Universidade da Europa Federica Mogherini foi detida, esta terça-feira, na sequência de buscas feitas pela Procuradoria Europeia por suspeita de fraude, juntamente com o diplomata Stefano Sannino e o co-diretor da instituição de ensino, Cesare Zegretti.
A ex-vice-presidente da Comissão Europeia e atual reitora da Universidade da Europa, Federica Mogherini, foi detida, esta terça-feira, por suspeitas de fraude. A Procuradoria Europeia informou, através de um comunicado, a detenção de três pessoas na sequência de buscas nas instalações da Universidade da Europa, na cidade belga de Bruges, e do Serviço de Ação Externa da União Europeia (SEAE, na sigla em inglês), em Bruxelas.
Mogherini foi alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança entre 2014 e 2019. Sannino, um antigo diplomata italiano, era o mais alto funcionário público do SEAE e é atualmente diretor-geral do departamento do Médio Oriente, Norte de África e Golfo. A terceira pessoa detida é Cesare Zegretti, co-diretor do gabinete de educação executiva, formação e projetos da Universidade da Europa, segundo avança o "Politico".
No comunicado, o Ministério Público independente da União Europeia (UE) indica que solicitou e obteve o levantamento da imunidade de vários suspeitos antes das buscas. Se confirmadas, as alegações "podem constituir fraude na adjudicação de contratos, corrupção, conflito de interesses e violação do sigilo profissional", indicou a entidade responsável.
As buscas visaram vários edifícios da Universidade da Europa e do SEAE, bem como as residências dos suspeitos. À agência de notícias AFP, um funcionário da UE afirmou que os investigadores estiveram "a analisar atividades que ocorreram sob mandatos anteriores".
Concurso viciado
Em causa, está um programa de formação de nove meses para diplomatas juniores dos Estados-Membros da UE, chamado Academia Diplomática da União Europeia. O programa foi adjudicado pelo SEAE à Universidade da Europa, para o período 2021-2022, e a investigação centra-se em determinar se o processo de concurso foi viciado para favorecer a instituição.
"Existem fortes suspeitas de que informações confidenciais relacionadas com o concurso foram partilhadas com um dos candidatos que participou no mesmo", lê-se no comunicado da Procuradoria Europeia.
A investigação, que também conta com o apoio do Organismo Europeu de Luta Antifraude, "está em curso para esclarecer os factos e avaliar se ocorreram quaisquer infrações penais".
UE confirma buscas
"Podemos confirmar que a Polícia esteve nos edifícios do SEAE e que isto faz parte da investigação em curso sobre as atividades que ocorreram no mandato anterior", afirmou a porta-voz da Comissão Europeia, Anitta Hipper.
A atual alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, assumiu o cargo há um ano, tendo sucedido a Josep Borrell, que por sua vez é sucessor de Mogherini.
Oito acusados de corrupção em março
Oito pessoas foram acusadas numa investigação que visava a empresa chinesa Huawei, por suspeitas de corrupção no Parlamento Europeu, em março deste ano. Foram levadas a cabo 21 buscas em Bruxelas, Flandres, Valónia e em Portugal. Na mira dos investigadores, estavam lobistas suspeitos de terem subornado atuais ou antigos eurodeputados para promover a política comercial da empresa na Europa. Os subornos terão assumido várias formas e suspeita-se que algumas transferências terão sido feitas através de uma empresa portuguesa para "ocultar a sua natureza ilícita".

