
A Grécia entrou numa nova era política com os dois principais partidos, Nova Democracia (ND) e Pasok, a cederem de forma significativa face às pequenas formações da esquerda e da direita.
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As perspetivas de uma coligação governamental estável parecem muito reduzidas, sobretudo após o colapso dos partidos pró-austeridade, que integravam, desde novembro de 2011, um Governo de transição que garantiu um novo resgate para o país, acompanhado por novos cortes nos salários, nas pensões e mais desemprego.
Os resultados oficiais são esperados no final da noite, mas as sondagens confirmam que a Coligação da Esquerda Radical (Syriza) obteve a segunda posição, atrás da ND e à frente do Pasok, um rude golpe para os "partidos do centro" que dominam a vida política grega desde o regresso da democracia em 1974.
"É um imenso terramoto que devastou o Pasok", disse à agência noticiosa AP um responsável dos conservadores.
"A ND permanece o primeiro partido mas com um apoio muito reduzido. Foi uma explosão de revolta e desespero. Justa e injustamente, muitos partidos foram afetados pela atual situação", acrescentou.
O partido mais votado continuará a beneficiar de um bónus de mais 50 deputados. Mas com percentagens tão baixas, e com cerca de sete a dez partidos à beira da representação parlamentar, não existirão condições para a formação de um governo maioritário apoiado por 151 dos 300 deputados.
O primeiro partido será mandatado pelo Presidente Karoulos Papoulias para formar uma coligação e terá três dias para as negociações. Em caso de falhanço, será o segundo partido a liderar as conversações por mais três dias e, em caso de impasse, a tarefa será concedida ao terceiro partido mais votado.
A impossibilidade de formar uma coligação implicará a convocação de novas eleições, uma perspetiva que tem alarmado os credores internacionais da Grécia.
A Syriza, de acordo com as primeiras projeções, estava em condições de garantir o segundo lugar com 14 a 18 por cento dos votos (4,6 por cento nas eleições de 2009).
O líder do partido, Alexis Tsipras, defendeu durante a campanha uma coligação alargada de esquerda, com a inclusão do Partido Comunista (KKE) -- que já recusou qualquer aliança pós-eleitoral -- e a Esquerda Democrática (Dimar) de Fotis Kouvelis, uma cisão parlamentar da Syriza e que deverá obter entre 4,5 e 6,5 por cento.
A confirmação da Syriza em segundo lugar significará que vai ser muito complexo formar uma coligação para governar a Grécia, num período crucial para o país.
O líder da ND, Antonis Samaras, obteve uma vitória amarga, após a confirmação do seu partido na primeira posição mas longe da maioria absoluta (entre 17 e 20 por cento, contra 33,5 por cento em 2009).
As projeções iniciais demonstram que 60 por cento do eleitorado votou num partido diferente em relação às legislativas de 2009, quando o Pasok obteve maioria absoluta (44 por cento dos votos expressos).
O choque no Pasok surgiu logo após os primeiros resultados e através da porta-voz do partido, Fofi Gennimaata. "É difícil discernir a vontade do povo grego" até aos resultados finais, o momento em que o líder Evangelos Venizelos deverá emitir uma declaração.
O vice-primeiro-ministro cessante e um veterano do Pasok, Theodoros Pangalos, disse à estação televisiva NET que o partido deverá convocar um congresso para definir o seu futuro.
