Com apenas uma das 650 circunscrições por apurar, os Conservadores asseguraram 364 deputados nas eleições desta quinta-feira, contra 203 dos Trabalhistas.
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Este resultado dá a Boris Johnson o melhor resultado eleitoral de um líder conservador desde que Margaret Thatcher conseguiu eleger 376 deputados em 1987 e representa a pior derrota do Partido Trabalhista no pós-guerra, mais grave que aquela registada por Michael Foot em 1983, quando se ficou por 209 assentos no parlamento.
Segundo especialistas britânicos, há três razões incontornáveis que justificam esta vitória:
1 - Brexit - A mensagem foi clara e repetida de forma exaustiva: "Concretizar o Brexit". No meio da confusão quanto à saída da União Europeia, Boris Johnson deixou bem claro que uma vitória nas eleições era meio caminho andado para concretizar o acordo alinhavado com a UE. Noutra vertente, semeou a ideia de que um triunfo trabalhista levaria a outro referendo, isto é, a um arrastamento da questão, que foi votada em meados de 2016.
2 - Simplicidade do discurso - Brexit, Brexit e mais Brexit. O tema quase único de campanha focou os conservadores num objetivo: sair da UE. Johnson falou sempre do Brexit e juntou-lhe uns toques de populismo, prometendo mais médicos e polícias, mais saúde e segurança. Ao contrário, os trabalhistas emaranharam-se em várias ideias, desde nacionalizações em massa a banda larga livre ou compensações às mulheres com mais de 50 anos. Além disso, foram ambíguos em relação ao Brexit. Um "Nim" que acabou num rotundo "Não" a Corbyn nas mesas de voto.
3 - Fraqueza trabalhista agravada por líder impopular - A perda de votos do Partido Trabalhista acentua-se ao longo dos anos em vários pontos de Inglaterra. Em alguns casos, terá bastado a ausência dos apoiantes do "Labour" nas mesas de voto para permitir aos "Tories" ganhar lugares no Parlamento, sem registar subidas de monta. Acresce a isto, numa campanha disputada entre dois líderes pouco populares, a imagem de Corbyn, retratado com um velho de esquerda, marxista e parado no tempo, com ligações aos movimentos radicais Hamas (Palestina) e ao IRA (Irlanda do Norte). Os Trabalhistas foram afetados, ainda, por alegações de que o líder partidário deixou crescer o antissemitismo no partido, que motivou já esta sexta-feira um reparo movimento judeu trabalhista.
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