Um tribunal alemão condenou esta segunda-feira um político do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) por ter usado conscientemente um slogan nazi num evento político.
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Björn Höcke, que pretende candidatar-se a governador do Estado da Turíngia em setembro, foi multado por ter usado a frase nazi proibida "Tudo pela Alemanha".
O Tribunal Regional de Halle considerou Höcke, 52 anos, culpado de usar sinais de organizações inconstitucionais e terroristas e condenou-o a uma multa de 130 taxas diárias de 130 euros cada, num total de 16 900 euros.
Höcke poderá recorrer da sentença e a condenação não o impedirá de concorrer às eleições, segundo a agência norte-americana AP, que cita a agência alemã DPA.
Trata-se da segunda condenação de Höcke, que foi multado em 13 mil euros em maio, também por usar símbolos de uma organização inconstitucional, um veredicto de que recorreu. A acusação de utilização de símbolos de uma organização inconstitucional pode implicar uma multa ou até três anos de prisão.
O caso anterior centrou-se num discurso em Merseburg, em maio de 2021, no qual Höcke usou a frase "Tudo pela Alemanha!". Os juízes concordaram em junho com o argumento do Ministério Público de que o antigo professor de História estava ciente da origem da frase como um slogan das tropas de assalto dos nazis.
No caso atual, os procuradores alegaram que Höcke repetiu a ofensa num evento da AfD, em Gera em dezembro, "com a certeza de que sabia" que o uso do slogan era um crime. Alegaram que Höcke disse "Tudo para..." e encorajou o público a gritar "Alemanha!".
Höcke voltou a insistir que não fez nada de errado. "Também estou completamente inocente neste caso", afirmou. "Sei que vou ser condenado. Mas isso não me parece justo", disse antes de ser conhecida a decisão do tribunal.
Höcke questionou se a utilização de palavras do quotidiano constitui uma ofensa criminal.
A AfD construiu um forte núcleo de apoio, particularmente no antigo leste comunista, incluindo a Turíngia. A força do partido na região ajudou a impulsioná-lo para o segundo lugar nas eleições para o Parlamento Europeu, em junho, obtendo 15,9% dos votos.
A lei alemã proíbe a negação pública do Holocausto e a divulgação de propaganda nazi, incluindo suásticas, slogans ou declarações de apoio a Hitler.
Adolf Hitler (1889-1945) foi líder dos nazis e da Alemanha de 1933 até à morte. Sob a sua liderança, a Alemanha desencadeou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e procedeu à eliminação sistemática de judeus em campos de concentração, no que ficou conhecido como o Holocausto.
A "solução final" para a questão dos judeus foi levada a cabo entre 1941 e 1945. Além da morte de seis milhões de judeus, os nazis perseguiram e eliminaram milhões de outras pessoas, como ciganos, homossexuais, comunistas ou pessoas com deficiências físicas e mentais.