A polícia de Trindade e Tobago está a investigar a possibilidade de dois cidadãos do país estarem entre os seis mortos num ataque norte-americano a um barco suspeito de tráfico de droga.
Corpo do artigo
Um porta-voz da polícia confirmou à agência de notícias France-Presse (AFP) que os habitantes da vila piscatória de Las Cuevas (norte da ilha de Trindade) alertaram as forças de segurança para a presença de dois cidadãos no barco.
O agente disse que as autoridades estão a investigar e que ainda não podem comentar a veracidade das informações.
Lenore Burnley, mãe de uma das alegadas vítimas, disse à AFP que a família foi notificada de que o filho, Chad Joseph, de 26 anos, estava no barco. Conhecidos na Venezuela ligaram para os avós do jovem em Las Cuevas e "disseram-lhes que estava no barco", explicou Burnley.
"Não tenho nada para lhe dizer", disse, quando questionada se tinha alguma mensagem para o presidente norte-americano, Donald Trump. "De acordo com a lei do mar, se vir um barco, deve pará-lo e intercetá-lo, e não apenas explodi-lo", acrescentou. "Esta é a nossa lei marítima de Trindade e Tobago, acho que todos os pescadores e todos os seres humanos também sabem disso", salientou, por telefone.
Burnley falava da casa em Matelot, também na costa norte de Trindade, a principal ilha do arquipélago, situada a apenas dez quilómetros da Venezuela. Segundo a mãe, Chad Joseph era um "pescador" que regressava a Trindade e Tobago após três meses na Venezuela.
"As pessoas dizem coisas e não sabem nada sobre ti. Deixo tudo nas mãos de Deus. Só de Deus", disse Burnley, lamentando as acusações de tráfico de droga contra o filho nas redes sociais.
De acordo com os meios de comunicação locais, outro cidadão de Trindade e Tobago, conhecido como Samaroo pelos habitantes de Las Cuevas, também está entre as vítimas.
Na terça-feira, Donald Trump anunciou que forças norte-americanas atingiram outra embarcação suspeita de transportar droga em águas próximo da Venezuela, fazendo seis vítimas mortais. Trump afirmou estar a tratar os alegados traficantes de droga como combatentes ilegais que devem ser enfrentados com força militar.
No Congresso, os democratas alegam que os ataques violam o direito norte-americano e a legislação internacional e alguns congressistas republicanos têm procurado mais informações junto da Casa Branca.
A administração Trump ainda não apresentou aos legisladores provas de que os barcos alvejados na série de ataques fatais transportavam, de facto, narcóticos, de acordo com duas autoridades norte-americanas familiarizadas com o assunto, que falaram à agência de notícias Associated Press sob anonimato.
Os ataques ocorreram após um aumento da presença das forças marítimas norte-americanas nas Caraíbas, sem precedentes nos últimos anos, incluindo submarinos nucleares, lança-mísseis e aviões de combate de última geração.