
O parque fechou devido a sérias dificuldades e o destino dos mamíferos marinhos é incerto
Foto: Marineland Canada
Trinta baleias-brancas do Marineland Canada, privadas de atividades desde o encerramento do parque no verão de 2024, estão no centro de uma tempestade política e mediática e agora ameaçadas de eutanásia, enquanto continuam confinadas em pequenos tanques.
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Nos corredores vazios e varridos pelo vento do parque situado em Niagara, perto das famosas cataratas na fronteira entre o Canadá e os EUA, o tempo parece ter parado.
Oficialmente, o parque fechou devido a sérias dificuldades, e o destino dos mamíferos marinhos é mais incerto do que nunca, noticiou na quarta-feira a agência France-Presse (AFP).
Há algumas semanas, a administração pensou ter encontrado uma solução ao propor a exportação das baleias para um grande parque marinho na China.
Mas esta opção foi rejeitada pelo Governo canadiano, que se recusa a permitir que estes mamíferos voltem a ser explorados para entretenimento.
Indignado, o Marineland ameaçou sacrificar os animais caso não recebesse financiamento de emergência.
"Estamos muito endividados e carecemos desesperadamente de recursos para prestar cuidados adequados aos cetáceos", frisou o parque numa carta ao Departamento de Pesca e Oceanos.
Para o antigo treinador e denunciante da situação, Phil Demers, que documentou os abusos no parque onde trabalhou durante mais de dez anos, esta ameaça de eutanásia é "pura conversa fiada".
"É ilegal, e nunca ninguém participaria em algo tão horrível", garantiu.
No entanto, denuncia o impasse atual: "O Marineland só pensa no lucro. Só querem dinheiro e não se preocupam com o bem-estar dos animais"., apontou.
Desde 2019, 20 animais, incluindo 19 baleias-brancas, morreram no local, segundo uma contagem do jornal canadiano La Presse.
O parque alega que foram "mortes naturais", mas os serviços de bem-estar animal de Ontário investigam há cinco anos possíveis maus-tratos.
Esta situação apenas veio agravar uma tendência já verificada em muitos países, o crescente desinteresse do público pelos espetáculos com cetáceos, percebidos como uma forma de exploração animal.
É neste contexto que o Canadá aprovou uma lei em 2019 que torna ilegal a manutenção de baleias, golfinhos ou botos em cativeiro.
E foi com base nesta legislação que o Governo se apoiou para rejeitar a transferência dos animais para a China.
Kristy Burgess começou como empregada de mesa no Marineland e, depois de testemunhar o nascimento de uma beluga, decidiu tornar-se tratadora de animais.
Trabalhar com estes animais era um sonho de vida, e a situação atual é desoladora para ela: "Há algumas baleias, três em particular, em que penso constantemente e me pergunto como estão, porque são animais muito sociáveis", contou.
Uma das soluções propostas é um santuário marinho, atualmente em estudo na Nova Escócia, no leste do Canadá.
"Precisamos de encontrar formas de colaborar para proporcionar a estes animais um ambiente enriquecedor, permitindo-lhes terminar as suas vidas com dignidade", insistiu Charles Vinick, diretor do Projeto Santuário das Baleias.
No entanto, esta solução é vista por muitos como irrealista, uma vez que as obras ainda não começaram no local planeado.
O Governo garantiu à AFP na terça-feira que está disposto a examinar rapidamente quaisquer "outras propostas de transferências ou licenças de exportação".
