Trinta e cinco eurodeputados da Esquerda, Verdes, Socialistas e Liberais subscreveram esta quarta-feira uma carta aos presidentes das instituições e chefe da diplomacia da União Europeia (UE), pedindo que condenem as ameaças à flotilha humanitária que se dirige a Gaza.
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O Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu, que coordenou a iniciativa, indica em comunicado que "vários deputados europeus dirigiram uma carta aos presidentes das instituições europeias e à alta representante exigindo que a UE condene as ameaças das autoridades e governo de Israel em relação à missão humanitária da Flotilha Global".
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"Os deputados pedem ainda que a UE apoie e proteja a flotilha e as pessoas que integram a missão humanitária e pacífica", acrescenta.
Esta foi uma carta promovida pela eurodeputada do BE Catarina Martins e subscrita por outros eurodeputados da sua bancada, a Esquerda, bem como da dos Verdes, Socialistas e Liberais.
"Desde que esta carta foi redigida, já ocorreu um primeiro ataque, com danos num dos navios e, felizmente, sem vítimas", mas "a questão da segurança da flotilha é [...] de importância e responsabilidade urgentes, tornando esta carta ainda mais significativa", argumenta Catarina Martins, citada pela nota.
Para a eleita do BE, "ainda há tempo para as instituições europeias assumirem uma posição firme em vez de lamentarem as consequências da sua própria inação".
"Quero reiterar que a liberdade de navegação sob o Direito internacional deve ser respeitada - isso é extremamente importante. Portanto, nenhum ataque, nenhum ataque com "drones" [aeronave remotamente tripulada], nenhuma apreensão ou qualquer uso de força contra a frota é aceitável", adianta Catarina Martins.
A bordo da flotilha seguem a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício, bem como a ativista ambiental sueca Greta Thunberg.
Na conferência diária do executivo comunitário, a porta-voz da instituição para a pasta da Preparação, Eva Hrncirova, disse que a Comissão Europeia respeita "o compromisso humanitário das pessoas que estão a bordo da frota" e entende que "todos têm o direito de exercer tal ativismo".
"Trata-se da liberdade de reunião, um pilar fundamental da nossa democracia. Compreendemos perfeitamente que as pessoas na frota, dada a situação em Gaza, queiram sensibilizar a opinião pública, queiram chamar a atenção para este tema e queiram mostrar que a situação em Gaza é insuportável, pelo que, basicamente, partilhamos o seu compromisso, mas também estamos cientes e preocupados com os riscos que correm", afirmou ainda.
A flotilha, onde se encontram ativistas de vários países, incluindo Portugal, indicou na terça-feira ter testemunhado pelo menos 13 explosões e vários "drones" não identificados enquanto atravessava o Mediterrâneo em direção à Faixa de Gaza, acrescentando ter sido também alvo de "interferência nas comunicações".
Esta iniciativa é composta por 51 navios, de acordo com o portal de internet que permite rastrear o trânsito no mar, incluindo seis barcos atracados na Grécia que aguardam para se juntar às delegações que deixaram Espanha, Tunísia e Itália para continuarem a sua viagem juntos até Gaza.
É considerada a maior flotilha organizada até à data, procurando levar ajuda humanitária ao enclave palestiniano, sob ofensiva israelita há quase dois anos.