A administração norte-americana fez regressar, na sexta-feira, aos EUA um grupo de dez alegados presos políticos que se encontravam na Venezuela, mas entre os homens está Dahud Hanid Ortiz, condenado por um triplo homicídio em Madrid, no ano de 2016.
Corpo do artigo
O regresso de um grupo de supostos presos políticos na Venezuela foi celebrado pela administração norte-americana como mais uma vitória da Casa branca de Donald Trump, depois de uma intensa negociação entre os dois países. Nas redes sociais, várias contas oficiais do Governo foram divulgando imagens do grupo a entrar no avião, dentro da aeronave e a chegar à Base Conjunta de San António Lackland, no Texas. Só que dentro do grupo encontra-se Dahud Hanid Ortiz, condenado em Caracas por um triplo homicídio corrido em Madrid, capital espanhola, e não por qualquer suposto crime político.
Nascido na Venezuela, Ortiz naturalizou-se cidadão dos EUA e chegou a cumprir serviço militar nos Marines, no Iraque. Em junho de 2016, numa altura em que vivia na Alemanha, voou até Madrid e entrou no escritório do advogado Víctor Joel Salas, que acreditava ter um caso com a sua mulher. Ele não se encontrava no local, mas o norte-americano acabou por matar as três pessoas lá se encontravam, duas trabalhadoras cubanas e um cliente equatoriano. Fugiu e acabou detido em 2018, na capital venezuelana, Caracas, depois de a Polícia Nacional de Espanha ter investigado o caso e concluído que seria o homicida. Foi condenado em 2024 a 30 anos de prisão.
A denúncia foi feita pela organização que luta pelos direitos dos presos político na Venezuela Foro Penal e confirmada por fontes dos serviços secretos espanhóis ao jornal "El País". A libertação de Ortiz faz parte de uma troca inédita de prisioneiros entre o país sul-americano e os EUA, que envolveu a libertação de 252 venezuelanos detidos em El Salvador.
"Nada diz liberdade como a bandeira americana. Dez americanos libertados das prisões venezuelanas estão hoje a regressar a casa graças ao presidente dos EUA, ao Secretário Marco Rubio e a Nayib Bukele", escreveu nas redes sociais a Embaixada dos EUA na Venezuela. Marco Rubio, Secretário de Estado dos EUA, também se congratulou com a libertação dos dez homens, mas não teceu qualquer comentário sobre a inclusão de um homicida no grupo, do qual fazem parte outros nove norte-americanos, incluindo um turista que se encontrava a praticar kytesurf na Venezuela.
A oposição venezuelana tem denunciado, nos últimos dias, que continuam a registar-se detenções arbitrárias de cidadãos por motivos políticos. Também que existe quando alguns presos políticos são libertados outros cidadãos são presos, uma situação que chama de "porta giratória".
Segundo a organização não-governamental Foro Penal, em 14 de julho, estavam detidas na Venezuela 948 pessoas por motivos políticos, 852 homens e 96 mulheres, 778 civis e 170 militares. Entre os presos políticos contam-se quatro adolescentes com idades entre os 14 e os 17 anos. A instituição diz desconhecer o paradeiro de 51 presos políticos.